Tema 179 - QUATRO ESTAÇÕES
BIOGRAFIA
E LÁ SE VÃO OS SONETOS
Pedro Brasil Jr.

Um tapete amarelo de flores de ipê!
Meus passos lentos no cair da tarde...
A primavera anuncia sua chegada, silenciosa...
O novo palpita invisível!
Qualquer coisa estranha aparenta uma dúvida cruel.
O ar é gélido, o vento assobia uma canção de outono.
Sigo em meus passos divagando os segredos do tempo.
E a Terra segue sua trajetória pela galáxia.
Parece-me tudo tão normal, cheio de sincronismo...
Mas aqui, o sol arde na pele enquanto o frio arrepia a seu modo.
Não sei ao certo em qual estação me encontro.
As alterações do clima me provocam cisma.
Distante no horizonte, a serra implacável e firme.
Sim! Tudo está normal...
O céu ganha matizes indescritíveis e o sol vai se escondendo por entre nuvens.
Já não sei se esta melancolia de final de tarde ociosa é uma réstia de outono perdida.
E tampouco me cerca a ilusão de que já é verão tórrido.
Observo as aves em algazarra disputando galhos para passar a noite e em tudo me palpita uma vida voraz.
Já se podem ver flores do campo e em árvores dormentes, verdejantes talos de surpresas breves.
Existe sim uma estação qualquer!...
É provável que o trem da existência esteja mais veloz, por isto passa em cada uma delas deixando uma mensagem qualquer.
E eu sigo em meus passos lentos por sobre o tapete amarelo dessas flores que há pouco, enfeitavam o azul do céu.
Já cintilam estrelas no firmamento e do outro lado, a lua dá seus primeiros sinais.
A cortina da noite abre-se para os outros mistérios...
E enquanto isto, as estações se prepararam para receber estas vidas agitadas, implacáveis e desesperadas.
Talvez seja por isto que já sentimos em apenas um dia o reflexo de todas as estações.
Porque temos pressa de chegar não se sabe onde.
E quando se chega não sei onde, se tem pressa de regressar ao ponto de partida.
Talvez seja por isto que os dias nos dão a impressão de estarem mais curtos...
Porque perdemos já faz tempo, o sentido de olhar a vida e o mundo como a mais simples e profunda poesia.
E lá se vão, em meio as últimos raios desse dia, os sonetos antigos, aqueles que flamejavam a alma e nos permitiam sentir uma estação de cada vez.
E lá se vão os sonetos nas asas de uma borboleta qualquer...

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