Sou
aquela que acusada de devaneios
Viu esses dois mundos em tons de rosa
[Ah, perdão meu censor, meu carcereiro!]
Condenada vivo, hoje, em verso e prosa!
Cordilheiras
percorri por tuas jaulas
Em mares profundos varei minha solidão
Perdeste, feitor, das cores muitas aulas
E enegreceste para sempre meu coração!
Que
de fora dessa tua inimaginável cela
Te vejo penar em grades e vãos pensamentos
Triste miragem: és apenas a nau, eu a vela
Vagueia a nossa ternura através dos ventos!
Maldigo
a pena e a prisão sem qualquer laço
Desdenho dessa liberdade sem contentamento
Eis um belo par de náufragos - ré e carrasco
Em papel fúcsia: sonho de valsa de um momento!
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