PEQUENAS IDÉIAS SINTOMÁTICAS DE OLIDO CORC GUARDADAS EM UM CUBO DE GELO ALARANJADO
Edison Veiga Junior
 
 

Olido Corc tinha trinta e um anos mas estava morto desde os dezessete. Caminhava atrás das pessoas, especialmente dos japonesinhos. Perdão, chinesinhos. Comia criancinhas chinesas porque preferia sentir em seu estômago o atrito dos olhos puxados abrindo e fechando pela última vez. Depois era só digerir para. Mas por que não podiam ser japonesinhos? Coreanos? Olido Corc era estranho, muito estranho.

Defenestrava desejos puramente instintivos. Não transava, não bebia água e nem lia. Caía de sono, mas se negava a dormir.

Se houvesse mais texto, escreveria aqui e preencheria páginas e páginas com a vida de Olido Corc. Mas como não, resta o desfecho: Olido Corc ficava guardado dentro do aquário. Ou em uma fôrma de gelo. Morto havia catorze anos, claro.