UM SENTIDO PARA SENTIR
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Pedro Brasil Junior
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As
minhas verdades foram escritas na rocha! Os
meus temores, impressos nas areias! Os
meus sonhos, gravados nos confins da consciência! Circuitos
integrados da minha existência, neste mundo complexo e envolto
por todas as lendas, através de todos os tempos. Não
tenho bem certeza mas creio meu primeiro temor foi o de
justamente nascer. Será que darei certo? Devo ter assim
pensado... E
estou aqui, cinqüenta primaveras depois para testemunhar minhas
passagens ou aventuras de vida. De
qualquer forma, caminhei pelo tempo convivendo com todos os medos que
as pessoas adquiriram através do tempo, numa espécie de
herança de pai para filhos. Estórias
de fantasmas, mulas sem cabeça e tantas outras que nada mais
são do que puro folclore. Assim, diante à vida, muitas
vezes me pego pensando nos sentimentos que nos dominam e que promovem
radicais mudanças em nossos trajetos. De um lado, o amor
capaz de cegar. De outro, o medo capaz de nos abrir bem os olhos. Então,
medo de amar é uma coisa só, que invertida, continua a
ser o que é. Melhor; uma indefinição perfeita que
movimenta nossas engrenagens. Foi-se
o tempo em que se amava e se atirava de cabeça. Havia por certo,
um percentual bem grande de certeza. Hoje, é justamente o contrário.
Daí, ter medo de amar é absolutamente normal. Ninguém
deseja viver sob os riscos, embora eles estejam em toda parte, a todo
momento. E é justamente pelos riscos, que nós construímos
e vivemos em nossas selvas de pedra. Tenho
receios porque os medos já ficaram distantes. Melhor
recear nas decisões do que acreditar em fantasmas que eventualmente
surgem, na calada da noite, para um descontraído jogo de cartas. Solidão
dá medo! Apego dá medo! Relacionamentos dão medo! Melhor
o receio, por onde a gente pondera e depois paga para ver. Claro
que não é bem assim na pratica, mas a cada dia que passa,
muito mais pessoas ponderam, avaliam e depois decidem. Já
não vivemos tempos de fartura e muito menos de fantasias. As
ilusões ficaram perdidas numa dessas ruas suspeitas, obscuras,
onde qualquer vulto, até mesmo o de um gato perdido, causa pavor. Não
tenho medo, necessariamente. Tenho coragem! Mas
aprendi que tudo isso decorre da maneira como trabalhamos nosso cérebro
e nossas emoções. Se acreditamos que outra pessoa é
a solução dos nossos problemas, corremos o risco de uma
queda sem fim no abismo. Se
não acreditamos na possibilidade de uma parceria, ficaremos sozinhos,
naquele jogo de cartas que já citei. Mas é bom ter uma
carta escondida na manga pois, os fantasmas são todos trapaceiros. Uma
noite silenciosa, um ranger de porta! O medo quer invadir o seu espaço,
fincar uma estaca no seu coração e te deixar petrificado... Tem
sido assim ao longo da história... E foi por isso tudo, que muitos
filmes de terror nasceram e arrancaram grandes fortunas do bolso dos
que apreciam sentir medo. Verdade
que medo e amor formam um casal perfeito. Não se pode amar sem
o medo de perder... Sentimentos
são escultores do interior humano... O
sentir é invariavelmente sinônimo de viver. Não
há como viver sem a dádiva do sentir. Sentir desejos,
vontades, ódios, medos... Sim!
Quero seguir sentindo minhas emoções mais puras, inclusive,
as mais absurdas. Quero sentir o poder dos meus dedos teclando as letras
e ver nascer meus poemas. Sentirei sim; a emoção de criar
e a certeza de que outros corações vão sentir a
verdade que forjei em minha pedra. Quero
sentir meus pés tocando as areias e grifar todos os meus temores,
na certeza de que as ondas os apagarão para sempre. E quero sentir meus sonhos como uma pura e agradável realidade afinal; se eu tiver que temer um olhar, certamente que será por ele, que me tornarei outra vez, escravo desse meu sentir. E dessa vez, tenho certeza: valerá muito a pena! |