MINILOUVOR À OLVIDADA OBRA
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Edison Veiga Junior
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Não dava mais tempo de imprimir, dizia Verinha, e num gesto soberbo arrancou todas as folhas que sobravam e começou a colá-las de volta na primeira árvore com que se deparou. As pessoas estranharam, mas se não era ela a Verinha quem seria que erra sozinha pelas ruas desconhecidas de Sin City? Súbito, táxi. -
Pra Lapa, por favor. E rápido. Verinha era um braço direito, um esquerdo e um par de pernas. Outro dia lá estava costurando uma camisa para o pai. Noutro fazia a feira para a vó. Noutroutro ia com a mãe pro hospital. O namorado reclamava: - Sobra tempo pra mim hoje à noite? E lá ia ela novamente pra casa do dito cujo. Trepavam até alta madrugava e depois se quedavam exaustos, estarrecidos. E sonhavam com gosto de quero-mais, de-novo, mais-uma-vez. Às vezes acordavam. Outras esqueciam. O cinema que esperasse. Filme novo em cartaz, como é mesmo o nome, que cabeça a minha? Aquele do Oscar. Não o que ganhou, mas aquele que todos diziam que era o favorito e tal. Sim, sim... Esse mesmo. Vai ficar para outro dia, porque meus olhos já não agüentam, fadigados de dia-e-noite sem parar. O par de pernas não parava. Verinha no ônibus, Verinha no metrô, Verinha no táxiiiii. Verinha a pé. Verinha ao léu, voando, vento. Verinha no varal. Era uma vez um poema bonito pintado na janela. Era uma vitrina para os sonhos. Era uma canção de amor e Verinha morava lá como exemplo avantajado. Era uma vez tudo isso que me esqueci o autor, as rimas e a imaginação. |