POR QUE AMAMOS QUEM NÓS AMAMOS?
Pedro Brasil Junior
 
 

Há uma pergunta no ar:

Por que amamos quem nós amamos?

Me parece, alguém até já usou a pergunta como título de livro. Respostas? Quais seriam elas?

Se pararmos para pensar em nossa caminhada pela vida, iremos observar o óbvio: o mundo está repleto de pessoas! Uma delas, por mero acaso, haverá de cruzar nosso caminho e causar diferentes transformações. Dependendo da faixa etária onde nos encontramos, as coisas podem adentrar no rumo do engano. Para amar, dizem; há que se ter todo um preparo! Mas como estar preparado para enfrentar um inexplicável encanto? Reações químicas interagem no cérebro e assim, aquela pessoa que surge à nossa frente, nos fisga como um pescador implacável. Não precisa ser o mais belo elemento humano. Muitas vezes, para nossos amigos, a vítima é feia mesmo! Mas prevalece o ditado de que, "quem ama o feio, bonito lhe parece!" Existe sim, uma necessidade de estar com alguém. E esta necessidade faz parte da vida de todas as pessoas. Dividir espaços, discutir temas variados, beijar, passar as mãos pelo corpo, se deixar levar por aquele olhar cativante e fazer sexo como jamais se pudesse imaginar.

Ah! Como é fascinante curtir alguém de todas as formas...

Mas com o tempo, assim como acontece com os vulcões, o fogarel abranda, vai esfriando, esfriando e aquela magia toda abre as portas para uma rotina sem precedentes. A vida segue, lenta! Falta alguma coisa para dar um sentido maior. Falta aquilo tudo que se tinha e que se perdeu em dado momento. Talvez excesso de trabalho, a chegada dos filhos, as dificuldades financeiras, as manias de cada parte, as garras afiadas de cada um, que surgem repentinamente e rasgam sem piedade todo o encantamento do que um dia foi paixão, tesão e amor. Ainda que aparentemente tudo esteja num verdadeiro marasmo, há sempre a esperança de que magicamente, tudo volte ao normal. Ainda que haja bom diálogo para se discutir a relação, acaba faltando um algo mais, uma estranha essência capaz de hipnotizar e causar novas transformações.

Te amar como antigamente é tudo o que desejo! - Dizem alguns!

E como seria bom se a maioria conseguisse tal empreitada. Mas os destinos de muitos, e atualmente é grande o contingente, acaba sendo a separação. Dividem-se os bens, os cacos, o cachorro e o gato e ficam de um lado para outro os frutos daquele amor tão louco e avassalador que na época, qualquer uma das partes, apostaria tudo que ninguém mais no mundo, poderia viver tamanha loucura. Mas acabou! Ficaram lembranças marcadas lá no fundo da alma. E ficaram também um monte de fotografias - registros vivos de uma história de amor.

Então; porque amamos quem nós amamos?

Se respostas tivesse, não estaria aqui questionando com quer que venha ler estas linhas.

Procurei respostas para dois grandes amores vividos! Cada um numa época distinta! Cada um do seu jeito! Loucuras sem tamanho foram vividas, dando mais ênfase a uma frase de pára-choque de caminhão que diz : "Se do nosso amor só restaram cinzas, é porque no passado, mandamos brasa!" Divago entre minhas paredes sobre a essência do amor! E quando falo em amor, é amor verdadeiro. Não se trata daqueles encontros casuais que acabam rapidamente numa cama de motel. Isto acontece com quase todo mundo, é uma questão de vontade, de necessidade puramente sexual. Mas não é um sexo igual àquele feito com muito amor. Pode, e deve acontecer um bom prazer. Mas a essência fica faltando. Então, ficamos caminhando com a solidão. Pelo menos até as dores passarem, as feridas cicatrizarem... Depois aparece outro alguém e tudo pode acontecer! Mas aqueles amores de ontem certamente que deixaram suas marcas e volta e meia, nos pegamos repensando o passado. Bate certa saudade! Quem disser o contrário estará mentindo a si mesmo!

Então, mais uma vez pergunto: Por que amamos quem nós amamos?

Ou será que amamos quem não nos amava na mesma proporção? Ou ainda, será que realmente amamos ou nos enganamos? Talvez tenhamos nos deixado levar pelo aspecto físico. Isto está cada vez mais em evidencia. É um grande erro! A beleza física se esvai com o tempo! Mas quando há amor, continuamos a ser belos, um para com o outro. Talvez estivéssemos carentes! Tão carentes que, a primeira pessoa que deu uma brecha, nos serviu de porto seguro. O efeito passa! A vida muda e oferece o real sentido. E daí... o tempo avançou, muitas coisas aconteceram e o final é derradeiro. Não há como explicar de fato e de direito as reações humanas. Já as relações, nem Freud conseguiu explicar! Em todo caso, tenha sido desse ou daquele jeito, ficaram as feridas profundas, geralmente maiores numa das partes. Perdas diversas surgem no final de uma história de amor. Ficam as marcas e aquelas feridas que parecem não ter cura! Feridas abertas que podem infeccionar! Se isto acontece, o ódio vem em forma de pus.

Como odiar quem a gente tanto amou?

Esta sim é a grande pergunta! Porque afinal, se viemos sozinhos para o mundo , é sinal de que temos nossa vida própria. Quem compartilha da caminhada, também tem a sua. Se em dado instante, o melhor a fazer é separar, não quer dizer que se tenha que odiar. A amizade, que também faz parte do amor, deve permanecer afinal, não ficam apenas feridas ou mágoas. Ficam, muitas vezes, os filhos, que servem de ponte para contatos esporádicos e muitas vezes, são eles que, de alguma maneira, conseguem recriar aquele amor que se havia dado como morto. Como diz a letra de uma canção: "O amor não tem que ser uma história, com começo, meio e fim" - O Amor é eterno! - E mágico! E se nós amamos quem nós amamos, é porque, apesar de todas as diferenças, há no outro um poder tão grande de igualdade que é capaz de transformar as duas essências em um só coração!

S. José dos Pinhais - 05/07/2005 - 23h35min

 
 

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