UM
CASTELO À BEIRA MAR
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Helô
Barros
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Ele poderia vir apressado, devagar. Chegar em ondas, em bloco, aparecer camuflado em dois ou três, como um acúmulo de nuvens púrpura ao nascer de um dia. O som que acompanha é o de bater de asas, uma sucessão de pássaros - serão gaivotas? - circulando. Ele ataca, persegue um destino mantendo os nervos à flor da pele, o coração crescendo na proporção e na função. Amor chegaria assim, do ar, da praia. Não sei porque praia, mas a imagem avizinhou-se e eu a recebo. É na praia que as ondas quebram enquanto o surfista espera do ritmo da onda. A praia é mais que um esplendor natural, é recreação, meio de vida. O peixe chegando na rede, a espuma, o mistério do fundo e a fúria do vento. A beleza e o grande medo. Essa é minha idéia de amor. Como posso pensá-lo morto ou morrer por ele se vivo desta esperança? Deste mar, desta praia, deste peixe riscando a areia no meio céu? Busco-o com os pés descalços, por sobrevivência. |
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