Tema 200 - 1956
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RITINHA CEMITÉRIO
Edy Gonçalves

Aos 15 anos, entrou num cemitério pela primeira vez.

Era o enterro de um colega de classe que morrera atropelado. Ocorre que o ambiente lúgubre despertou na menina uma excitação inesperada. Era virgem. Não costumava masturbar-se com frequencia. Mas aquilo tudo excitou-a tanto que sentia a calcinha úmida. Imaginou-se sendo currada naquela cova pelos colegas de escola.

Assim que chegou em casa trancou-se no quarto. A mãe bateu à porta, preocupada:

"Filha, está tudo bem? Não sente fome?"

"Está, mãe, só quero dormir um pouco." Disse, continuando a siririca mais prazerosa de sua vida até então.

Passou a sonhar, quase todos os dias, que era descabaçada no cemitério, sobre um túmulo gélido de mármore.

Enturmou-se com góticos, empolgada que estava com as novas sensações que afloraram. Logo, o grupo combinou um encontro no cemitério, numa sexta à noite, como de praxe. Ela não poderia perder a oportunidade.Tratou de pensar em algo para dizer aos pais e justificar sua saída noturna. Entre outros detalhes, estava prevista a participação da sua melhor amiga, em cuja casa ela supostamente dormiria.

Plano executado, lá estava ela no cemitério, aos amassos com um dos góticos. Esperara tanto aquele momento que não perdeu tempo, despiu-se completamente e ofertou-se sobre um rico túmulo.

Dali em diante, sempre que possível repetia a experiência, tendo transado com quase todos os góticos e bêbados que apareciam no local. No entanto, os pais passaram a desconfiar de suas constantes saídas e proibiram-na de dormir fora de casa. Por isso, ela passou a ir ao cemitério durante o dia, dando rapidinhas com amigos, coveiros e qualquer um que aparecesse.

As peripécias da filha logo chegaram aos ouvidos do pai, que a seguiu certo dia, descobrindo sua face repugnante: sua única filha chupava, atrás de um túmulo, um homem mais velho que ele. Completamente aturdido, enfartou, morrendo ali mesmo.

Ritinha amava o pai profundamente, as lágrimas que derramou não representavam a milésima parte da dor que sentia. Culpava-se por tudo e amaldiçoava a perversão sexual que a dominava. Contudo, trajava saia e blusa preta no enterro do pai, mas não usava calcinha. Para seu desespero, observando o coveiro banguela jogar as primeiras pás de terra sobre o caixão do pai, chorava desolada, enquanto roçava uma coxa na outra, já completamente encharcada.

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