"TUDO
COMEÇOU EM 1956"
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Andréa
Sargentelli
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Alice Penteado estava muito ansiosa! Não se aguentava de expectativa e mal podia esperar a chegada do elegante Dr. Bruno da Veiga, que estaria a qualquer momento estacionando o seu luxuoso e recém-fabricado automóvel, uma Romi-Isetta! Inaugurando o setor automobilístico de São Paulo, o carro era uma febre na cidade. Mas na verdade, e ela deveria ser bastante honesta consigo mesma, que quem lhe fazia suar as mãos e por diversas vezes sentir secar a boca, o coração palpitar desesperadamente e o ar lhe faltar nos pulmões, não era a visão do automóvel não, mas sim, a visão do seu condutor... E aquele friozinho no estômago então? Não lhe dava paz e fazia cócegas em sua barriga desmentindo aquela aparente serenidade estampada no rosto alvo ali refletido no espelho, enquanto ela dava os últimos retoques nos cabelos que caiam em cascata dourada na altura de seus ombros. Jovem, bonita e de boa família, Alice aguardava seu futuro noivo com euforia e amor. Ela, estudante de Letras na Universidade de São Paulo e ele, médico recém-formado pela mesma universidade, já sonhavam com um inesquecível casamento e com a linda família que iriam construir! Seu coração parou ao ouvir a buzina no portão da casa e então, pedindo a benção a seus pais, que se encontravam em leitura na sala de estar, Alice deslizou elegantemente em seu belo vestido turquesa até o charmoso veículo. Dr. Bruno já havia saltado do mesmo e encontrava-se elegantemente postado à porta frontal da Romi-Isetta que já aberta a aguardava. Após depositar um leve e quente beijo em sua testa, acomodaram-se e partiram em seguida. Alice, que ainda tentava recuperar-se da sensação perturbadora que lhe causou aquele roçar de lábios na testa, sorriu nervosa e um pouco vermelha para o sorridente médico, tentando esconder sua inquietude. Longe dela parecer-lhe moça fácil e assanhada! Estavam no mês de dezembro e a proximidade do natal deixava ainda mais linda a bela cidade. Muitas luzes, brilho e cor davam às ruas um ar de festa e glamour e especificamente aonde chegaram, ao famoso Parque do Ibirapuera, a decoração estava maravilhosa e o local estava repleto de casais enamorados que passeavam calmamente naquele entardecer quente e romântico de verão. E foi ali, no dia 15 de dezembro de 1956, que com voz grave e profunda, Bruno lhe recitou Mario de Andrade e lhe pediu em casamento, enternecendo a sua alma e a fazendo feliz para sempre... |
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