Tema 200 - 1956
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POR QUE NÃO 1957?
Adriana Vieira Bastos

Um aninho a mais e a estória seria diferente.

Começaria com era uma vez, em pleno novembro de 1957, numa pacata cidade de Minas Gerais, veio ao mundo Adriana. Sim, Adriana - a própria que vos fala. Vim, não antes de resistir ao máximo, sendo preciso mesmo ser extraída a fórceps.

Antes que pensem ser apenas um ato de rebeldia, creio ter sido medo. Conforme relato materno, minha mãe foi atropelada por um cavalo um mês antes do meu nascimento, levando várias patadas na barriga. Natural que eu ficasse receosa, pois se nem bem havia nascido já estava levando coice. O que me esperaria depois?

Mas não devo me empolgar, nem delirar muito, pois 1957 não está em questão.

Voltando a 1956, pensei em dar uma de Carlos Heitor Cony. Lembrei-me do quanto ele brinca com as palavras. Diz tudo, mesmo quando não quer dizer nada. Mas tenho que reduzir minha pretensão. Teria que comer muita sopa de letrinhas para ousar me colocar no patamar do irônico mestre.

Quem sabe um caminho diferente?

Mas ando tão igual nos últimos dias. A fragilidade acometida pela recém virose retirou-me o pouco de criatividade que ainda acreditava ter.

Também pensei em pedir ao responsável pelo site que mudasse o tema, mas optei por descartar tal idéia. Seria estar assumindo publicamente minha incapacidade literária momentânea, pois realmente espero que seja momentânea...

Mas quem diz que a falta de inspiração não serviu para nada?

Serviu para eu perceber que escrever é muito mais do que colocar num espaço restrito, um amontoado de palavras pela simples obrigação de escrever.

O ato de escrever é o tesão de viajar nas palavras, de interagir com o tema, de ser sincera com os próprios sentimentos e, principalmente, respeitar os leitores que tenho o prazer de encontrar no meio do caminho.

Mediante toda esta gama de sentimentos, saio de fininho, sabendo que 1956, quem sabe, ficará para outra ocasião.

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