DAMA-DA-NOITE
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Daniela
Fernanda
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São 21:00 horas, é cedo. A luz do quarto está acesa e a televisão também. Na tela passa uma programação de um canal qualquer, dos tantos que a tv à cabo oferece, mas eu não me interesso por ela. Recostada na cama, eu ligo o computador. Abro os meus e-mails, respondo alguns e ignoro outros. Logo dou uma boa olhada nos sites de notícias e só leio na íntegra, as que me interessam mais. Circulo por outras páginas de meu interesse; sem o menor interesse. De repente um filme me chama atenção na telinha e eu deixo o pc de lado. O filme já está para além da metade, mas o enredo é comum, portanto de fácil entendimento, mesmo depois de algumas partes perdidas. O filme acaba de forma triste. Eu choro. Vou à cozinha preparar um sanduíche e tomo um chá quentinho. Verifico o relógio, 11:35. Volto para o quarto e desligo a televisão, o computador e a luz. Deito-me, me cubro com o lençol e fecho os olhos. Viro para um lado e para o outro, o tempo vai passando e eu acabo abrindo os olhos. A noite está clara, e a luz do luar entra pela janela e eu só vejo o vazio. Acendo a luz do abajur e torno a ligar o pc. Na tela do computador são 01:22, lembro do orkut e resolvo mandar recados. Vejo as pastas de fotos dos amigos, sinto saudades de alguns. Entro no msn e converso com algum remanescente. 02:54, todos os conhecidos já foram dormir. Resolvo jogar um pouco de poker on-line. As mesas estão cheias, mas eu estou sem sorte e as cartas esperadas não vêm. Agora são 03:48 e só me restam as salas de bate-papo. Antes de entrar, vou à cozinha para tomar um copo de água, passo pelo banheiro e pronto. Nas salas do uol, encontro muita gente de nick estranho, mas alguns poucos, e isso me inclui, ainda teimam em usar codinomes normais. Teclo com um, teclo com outro... Ás vezes teclo com três ou quatro ao mesmo tempo. E aparece gente de todo jeito. Gente maluca, gente burra, gente na fossa, gente passada e gente como eu, simplesmente sem nada melhor para fazer. Surge assunto cultural, assunto banal, assunto trivial, assunto polêmico, e o tempo passa. São 5:45, a insônia finalmente me abandona, como se fosse uma dama-da-noite que deixa seu amante, de modo sorrateiro, depois de uma noitada embriagante. Desligo o computador, afofo meu travesseiro e deito-me aconchegantemente. Uma pequena mosca ainda tenta me distrair, mas já não consegue. 6:30 o relógio desperta. Hora de levantar para o trabalho. O único que eu consigo pensar, logo pela manhã, é por que a noite tem por ofício ser tão curta? E a que horas será que ela vai chegar para mim da próxima vez. |
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