CORAÇÃO
EM MAREMOTO
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Mairy
Sarmanho
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De vez em quando, como se tomada por algum estranho espanto, sinto que meu coração se fecha em camadas, ora de seda, ora de algodão ou mesmo de malha de ferro. E sinto que ele ainda palpita mas não tenho nenhum domínio dessa condição. Percebo pequenos arrepios que percorrem meu corpo substituindo o fluxo do sangue e acredito serem eles que me mantém viva. Algum tempo depois, talvez instantes, minutos, anos, essa porteira se abre e por ali passa a mais contundente percepção do amor, feito em renda branca, crochê delicado ou apenas de pétalas de flores do campo. Sinto que o sangue flui com ferocidade, sem qualquer domínio de sentimentos. Nesses dias eu amo demais, brinco demais, rio à toa. Se eu tivesse a mínima forma de prender meus sentimentos e faze-los andar em fileira, ordenados, sentindo o que quero e esquecendo aquilo que prefiro ignorar. Mas o coração não tem dono, ninguém o domina, nem cérebro, sequer razão. O amor flui quando bem entende, com a loucura de um maremoto, tsunami vigoroso que a todos arrasta em seu caminho. Sou apenas aquela que pensa possuir a chave mas tem a sobriedade de saber que nunca a teve! Se, por algum acaso, alguém perder tempo lendo esse texto, por gentileza, compre um pacotinho de algodão e me envie, para que eu possa estancar alguma avalanche de emoção que por ele está passando. Não ignorem um pobre coração de poetisa! |
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