DE
PORTEIRAS FECHADAS E MENTES ABERTAS
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Lia
Abreu Falcão
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De fonte credível, esta carta-suicida de um filólogo ante a aprovação, pelo Congresso Nacional e Acadêmicos de plantão, do novo acordo ortográfico entre os países lusofônicos, que considerou, particularmente, "um genocídio fono-lingüístico sem precedentes e sem os ungüentos dos antigos tremas". Segue-se. "Minha última refeição será tranqüila: carne exangüe em sopa de letrinhas, com bastante tremas nos hiatos átonos. Lingüiças toscanas, com certeza e um bom homógrafo, ao ponto, com circunflexo diferencial para fazer salivar até os gramáticos que ainda me lêem. Sílabas tônicas, estupidamente geladas. Para finalizar, três brindes: à brasilidade da nossa Língua e seus acentos diferenciais gostosos feito balas de côco; ao bom uso desta e ao freqüente cio de seus amantes; à morte lépida e fagueira - jamais sóbria - dos poetas, nefelibatas e homens de boa vontade dessa terra onde Camões continuará a ser um ótimo poeta, mas jamais será lido como 'óptimo' outra vez. Tenho dito. José da Silva Souza Müller". Feito isto, disse a fonte fiável, ele para (do verbo parar) ante a Academia Brasileira de Letras e tranquilamente (sem trema) onde andava o nosso presidente (sem pê maiúsculo) da república (com acento) puxa do gatilho e, sem porques (sem circunflexo) PÔU!!! |
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