MUNDÃO
VELHO SEM PORTEIRA
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Eloi
Xavier
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Já pequeno, ainda franzino, Teobaldo ouvia do pai, repetidas vezes, uma frase que acompanharia pelo resto de sua vida: Mundão velho sem porteira. Os alcances do seu mundo eram pequenos. Abrangiam o pequeno vilarejo no alto da serra, de uma cidade do interior onde viviam. Mas Teobaldo queria abraçar o mundo. Conhecer novos horizontes. Descobrir o que havia além da porteira de sua casa. Um dia, já crescido, tomou o rumo da estrada. Deixou para trás, lembranças da infância e seus pais agarrados na porteira, entre acenos e lamentos. O tempo passou e um dia Teobaldo voltou. Trouxe na bagagem amarguras e frustrações. Encontrou no mundo que tanto sonhou muitas porteiras fechadas. Um mundo repleto de cercados, onde não poderia ingressar. Guardou seus encanecidos sonhos na gaveta e voltou para seus velhos pais. No pequeno vilarejo, no alto da serra, numa cidade do interior, encontrou uma porteira que sempre estaria aberta para ele. E esse era o seu mundão velho sem porteira. |
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