PORTEIRAS
DA VIDA
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Daniela
Fernanda
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A história nos fala de eras, a dinastia nos traz várias eras, até a política teve suas eras. E foi para não alterar a dinâmica natural do universo, que a vida dela entrou em uma Nova Era. Deixou tudo no seu devido lugar. Procurou não alterar a rotina de ninguém. Deu um desfecho satisfatório para cada problema que esteve empurrando, sem solução, por muito tempo. Colocou na mala umas poucas roupas, um par de botas, meia dúzia de acessórios, um punhado de memórias, uma pitada de estranheza, uns quantos quilos de esperança, não quis despedidas, caminhou pelo pasto molhado, fechou a porteira atrás de si e partiu. Sua primeira descoberta foi ver que o mundo era mesmo sem fronteiras e neste primeiro ano não trabalhou, não marcou compromissos, não fez dívidas, não teve rotina, nem obrigações a cumprir, apenas viveu. Conheceu novos campos, desvendou outros povos, comeu grilo, nadou no oceano, encarou crocodilos, ouviu novos sons e se esbaldou de amor. Cavalgou livremente, em tempos de frio ou calor, e sentiu-se plena. Não sentiu saudades de casa, apenas, sob o chapéu largo, guardou escondida, entre as porteiras fechadas da sua mente, a lembrança dourada da sua terra, como quem guarda um pedaço de ouro e dele não se descuida por nada. |
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