Eis que o dia de amanhã, chegou!
Apresentou-se diante de mim indagando-me
Sobre o que fiz durante uma vida inteira...

Expus, tão delicada questão, a minha consciência.
E assombrado com quanto ainda consigo lembrar de tudo, assisti
Ao desfile de minhas lembranças.
Pouco a se ver murmurei... estava enganado!

Em algum lugar meus olhos velhos
Divisaram aquele menino, a quem
Sempre culpei por tudo.
Pés, sempre descalços a beira de um rio
Bolsos da velha bermuda sempre
Cheios de bolinhas de gude.

Olhos voltados para o futuro que desconhece
Enquanto, sob o céu azul dum dia de verão
Atira pedras no rio...

A cabeça? Sempre cheia de sonhos!
Dos mais simples e pequenos, como o de comer
Batatas fritas em todas as refeições pelo resto dos dias.
Dos mais grandes e complicados, como o de conquistar
Seu próprio pedaço no mundo.

Sim, agora entendo. Consigo aceitar...
Permito-me reconhecer!
Em cada coisa boa que fiz, ou tentei fazer,
haviam as pegadas do menino que
Atirava pedras no rio... ali, bem a meu lado.