Tema 197 - TEMA LIVRE
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VERBORRAGIA
Elaine Brunialti

Passa o tempo e com ele anda passando muito da minha paciência com o que no meu julgamento anda errado com a juventude que floresce pelo mundo. Credo, nunca me imaginei falando assim, será que estou ficando senil?

Não, creio que não. O mundo que está muito agitado e eu com o freio de mão puxado.

A juventude, aff...falar assim soa péssimo, anda sem limites demais. Então fico comparando com, digamos, a minha juventude, que afinal não vai tão longe assim.

Eu tinha tendências hippies, mas também tinha uma mãe que nos mantinha a rédeas curtas, assim eu era hippie somente nas vestimentas e no paz e amor riscado nos cadernos, ouvindo Jannis Joplin e Jimmy Hendrix e morrendo de amores pelo fofo, a meu ver logicamente, do John Paul Jones, baixista e tecladista do Led Zeppelin. E toda minha rebeldia ficava restrita às vestimentas e as músicas. No mais tinha um respeito absurdo por avós, tios, professores e claro pelos meus pais. No mais trabalhando desde cedo, cursando faculdade, trabalhando sempre... sempre, curtindo sim, em bailes, campings, barzinhos com muitos, muitos amigos maravilhosos, e nosso grande barato era no máximo o cigarro lícito, que graças consegui abandonar já há um bom tempo, cervejinhas, sem ficar de porre ... nunca, afinal já achava que pagar mico de bêbada não combinava nem um tantinho com meu, vestido, sapato, perfume e charme.

Mesmo com o passar do tempo sempre me achei um ser humano que acompanhava as mudanças, e, assim passei pelos anos 90... A virada de século e vieram os sobrinhos, pois desta barriguinha que vos escreve não foi gerado nenhum rebento, já que desde cedo peguei emprestada a frase de Machado de Assis em Memórias Póstumas de Brás Cubas: "Não tive filhos não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria"

Hoje vejo esse pessoal entre 15 e 30 anos, santo Senhor! Respeito ficou a muito guardado na gaveta mais escondida do armário. Pensam, em sua grande maioria, que o dinheiro pode tudo ou então que a condição social não tão privilegiada também dá o direito a tudo.

Cultura nem pensar, museus, bibliotecas, leitura, sim eu devorava livros.

Sei lá, acho que estou ficando velha mesmo, dia desses numa formatura de universidade, ainda bem que não vi, mas soube de garotas bebendo, bebendo e vomitando. Garotos que chegaram lindos saindo de lá, literalmente de quatro, quase em coma. Muito, muito ruim. E não venham me dizer que isso é normal e é por felicidade. Isso sem contar que para ficarem legal os jovens acham que beber é essencial, isto sem contar que até o baseado é coisa normal, precisam de Viagra para transar antes dos 20 imagine como chegarão aos 60... Se é que conseguirão.

Enfim, acho que devo dar viva a minha vida babaca, sem excessos, sem drogas, sem álcool, hoje aposentada e quadrada, corro, me divirto, vou diariamente à academia, tenho pique para dançar das 10 às 10, se preciso for, descobri o prazer de desfilar na avenida no carnaval, amo a vida e todos os prazeres que ela nos proporciona e estou consciente e presente nela o tempo todo.

Enfim, que me perdoem os jovens, mas antenada e esperta sou eu, e tenho dito.

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