CRÔNICA RESIGNADA DE UM ALLEGRO MISANTROPO XXXIV |
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Sérgio Galli |
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(ao som das quatro últimas canções de Richard Strauss) Falando sério. A burrice - que um personagem de Raymond Quenou no romance "Flores Azuis" diz ser um mistério insondável - venceu. Após anos e anos de uma luta vã, inglória, ela ganhou. É a maré montante da burrice. Falando sério. Blogs, twiters, facebook, orkut, ships, pen-drive sei lá mais o quê invadem o tempo e o espaço com toneladas e toneladas de informação, mas não impedem que a humanidade esteja mais ignorante, inculta, mal-educada. A vulgaridade prevalece. O mau-gosto predomina. Falando sério. Não há mais arte. Não há música, literatura, dramaturgia, poesia, pintura, cinema. Há apenas entretenimento e espetáculo. Há evento. Há marketing.. Falando sério. Evolução não uma é uma linha reta em direção a um aperfeiçoamento, ao melhor dos mundos. Repito: a humanidade involuiu. Progresso, tecnologia, desenvolvimento, civilização nãos nos tornaram melhores. Além do óbvio, que nada disso traz felicidade (na verdade, apesar dos livros de auto-ajuda, felicidade ao existe), também não traz conhecimento e muito menos sabedoria. Nas cortes do século XVI, XVII, XVIII, XIX e até o começo do século XX, ouvia-se Bach, Couperin, Haydn, Mozart, Beethoven, Mahler, Strauss, só para falar nos mais conhecidos. Hoje...é melhor nem citar. No cinema, já houve Visconti, Fellini, Rossilin, De Sicca, Bunñel, Kurosawa, Bergman, Chaplin.... Hoje, nada. Na literatura é a mesma coisa. Falando sérios. Somos os mesmos homens e mulheres das cavernas de 40, 50 mil anos atrás. Claro, só não tínhamos internet, TV LCD, telefone portátil, big Mac... Falando sério. O Homo sapiens é cada vez mais homo demens. |
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