Tema 196 - FALANDO SÉRIO
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FALANDO SÉRIO
Raimundo Lopes

Falando sério: sabe o que eu gostaria de estar fazendo neste momento? Não? Pois eu vou lhes dizer. Só espere um instante. É que eu preciso, primeiro, colocar por prioridades o que eu gostaria de estar fazendo agora. Bem, acho que em primeiro lugar eu queria estar deitado numa rede que estivesse numa varanda de uma casa de praia, cercada de coqueiros e que o chão ao redor da casa fosse todo gramado. Assim, enquanto eu me balançasse, o sol lá ao longe, depois da linha que u ne o céu ao mar, ele olhasse para mim e irradiasse, com seus raios solares, a energia que dá vida e nos faz plenos de saúde. Ou então, enquanto eu me balançasse, a lua, ela que é tão bela e nos alimenta em nossas emoções e nos deixa de corações enamorados, fazendo rimas e poesias para nossas amadas, ela me envolvesse com sua magia e me presenteasse com sua mais linda imagem de deusa celeste. Mas, uma rede numa varanda de uma casa de praia, cercada de coqueiros, tendo ao fundo o mar, o céu, o sol e, depois, a lua, nada disso teria sentido se não tivesse ao meu lado, na rede, você, minha linda princesa. Por isso, em segundo lugar, para que o paraíso se tornasse completo, eu queria estar deitado ao seu lado, sentindo seu calor junto ao meu, no vai-e-vem do balanço de um entardecer, cercado pelas maravilhas do mundo. Deste modo, enquanto as carícias fossem a tônica de nossos desejos, e os desejos fossem multiplicados pelos beijos e prazeres de nossos corpos, eu te olharia e te f alaria do imenso amor que sentia por ti. E, falando sério, até a brisa faria silêncio para poder ouvir nossos sussurros e gemidos. Seriam acompanhados pelos pássaros que fazem ninhos nas copas das árvores, pois eles também, mesmo estando com seus pares, parariam um pouco de namorar para poderem contemplar a beleza da paixão que nos unia num ato de amor. E, quando a sede natural se fizesse presente, uma água de coco gelada, tomada em canudinho, a dois, refrescassem nossas gargantas ressecadas de tantos arfares e gemeres, hidratando-nos. Em terceiro lugar, um jantar à luz de velas, ao seu lado, princesa. Nesse jantar, uma surpresa: um anel de noivado como prova do meu amor e a certeza da eternidade de nossos bons momentos. Por fim, um passeio. Desceríamos até a areia da praia, de mãos dadas, de pés descalços, e caminharíamos, sem pressa, pela extensão que a praia nos proporcionasse. Assim, quando outros olhos não pudessem nos ver, nós nos deitaríamos e faríamos, mais uma vez, amor. Um amor cheio das coisas da natureza, sem recheios ou condimentos impróprios para o lugar. Talvez eu até declamasse uma poesia onde exaltasse a beleza de seus olhos e a maciez de seus cabelos. Com certeza, eu faria isso. Diria ao mar do bem que era te conhecer e lhe pediria benção para nossa felicidade. Acho que não precisaria de mais nada. Mas, pensando bem, acho que precisaria. Precisaria de um barco. Sim, um barco que nos levasse para onde nossos sonhos quisessem. Não sei se era só isso, mas, para que se preocupar com mais coisas se tudo isso fosse realidade? Falando sério? Eu já seria feliz se tivesse apenas a ti, minha princesa, mesmo sem rede, nem varanda numa casa de praia, e que desse de frente para o mar, tendo como espectadores, de dia, o mar; de noite, a lua e um barco para velejar...

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