Com muito esforço abri um olho, forcei o segundo, demorou alguns segundos para o meu cérebro conseguir processar as informações que meus olhos estavam mandando, tentei puxar o lençol mas senti algo o prendendo, até que olho para o lado e vejo uma vasta cabeleira loira espalhada pelo travesseiro, quem era aquela mulher?
Tentei colocar minha cabeça para funcionar, mas a tequila de ontem estava barrando qualquer atividade neural, até que olhei no rádio-relógio, e vi que era quase 10:00 horas, horário em que minha noiva costumava chegar em casa nos sábados de manhã, já que ela fazia plantões à noite.
Chacoalhei a mulher até que ela abriu os olhos lentamente, levantou assustada e gritou.
- Ai meu Deus, quem é você, pode levar todo meu dinheiro e por qual razão eu estou pelada.
- A primeira pergunta eu tenho a resposta, a segunda só presunção, pelo visto na noite passada não fui só eu que bebi demais.
- Eu passei da conta, meu namorado me traiu, e sai para beber, mas quer dizer que ontem nós transamos.
- Não posso afirmar nada, mas parece que sim, só que gentilmente preciso que você se arrume e sai logo, minha noiva deve estar chegando em menos de um minuto. - nesse ponto eu já estava desesperado.
- Você é noivo, quer dizer que está traindo a sua noiva, mas será que nenhum homem presta.
- Opa, não generalize, nunca trai a Ritinha, não sei o que aconteceu ontem, eu também estava bêbado, perdi muita grana na bolsa e sai com uns amigos para beber, e quando dei por mim estava acordando com você do meu lado.
- Nós dois temos amnésia alcoólica, que coisa.
- Eu geralmente não bebo, sou fraco pra isso, mas isso não vem ao caso, o papo está realmente ótimo, você parece uma mulher muito interessante, mas poderia se arrumar e sair da minha cama. .
- Tudo bem, se você me der licença.
- Claro, me desculpe.
Eu vesti meu short ainda debaixo dos cobertores, e sai para a sala, deixando a misteriosa loira sozinha.
Mal coloquei os pés fora do quarto escutei a porta da cozinha abrindo.
- Amor, cheguei. - pronto agora tudo estava acabado
Não pensei duas vezes e entrei novamente correndo no quarto e tranquei a porta, a misteriosa mulher estava se trocando, ela realmente era lindíssima, na hora que ela me viu falou.
- Ou, dá licença.
- Psiiiiu, minha noiva chegou, silêncio.
- Ai meu Deus, agora serei a outra, que final de semana, e agora o que faremos.
- Primeiramente, belo corpo, você malha muito.
- Só um pouco, obrigada, tenho uma boa genética, e antes de mais nada, são naturais, isso não é silicone.
- Nossa, impressionante, agora termine de se trocar e vê se não esqueceu nada por aqui e vamos ao banheiro, eu distraio ela, forço ela a sair do apartamento e depois você sai.
- Belo plano, você costuma fazer isso regularmente.
- Na verdade não, vi num filme.
- Deu certo.
- Não sei, dormi nessa parte, mas deve ter dado, agora entre no banheiro.
Ela entrou no banheiro e encostou a porta, nisso a Rutinha já estava batendo na porta.
- Amor, porque a porta estava fechada.
- Por nada, devo ter fechado sem querer.
- Sério você nunca fecha essa porta, nossa que cheiro estranho que está este quarto, você precisa contratar uma faxineira.
- Preciso mesmo, mas já dormi demais, vamos sair um pouco, tomar um café na rua.
- Porque na rua, você sempre gosta de ficar em casa aos domingos e eu trouxe o café, você está bem.
- Estou, é que queria fazer uma coisa diferente com você.
- Mais diferente do que você já fez.
- Não entendi.
- Sei muito bem o que se passa por aqui, você está estranho, vermelho, o quarto está cheirando a sexo, e o meu lado da cama está desarrumado, você me traiu seu descarado.
- Que é isso amor, você está doida, o cheiro fui eu que estava com saudade e resolvi matar sozinho, e tive um sono ruim me mexi demais de madrugada.
- Além de corna você acha que tenho cara de idiota, arruma uma desculpa melhor.
- É verdade amor, vamos sair para conversar.
- Que sair o que, aliás, ela ainda deve estar aqui, provavelmente escondida, já sei, ela deve estar no banheiro.
- Para com isso Rutinha, agora já é demais, você acha que se eu te traísse eu traria a mulher pra casa e a esconderia no banheiro na hora que você sempre chega, ai você está me subestimando.
- Até que neste ponto você tem razão, burro você não é.
- Então, vamos sair que estou com fome.
- Tudo bem, mas antes vou ao banheiro.
- Ta bom, mas neste não, vai no outro porque não estou muito bem e acabei de usar esse ai.
- Não tem problema, eu agüento.
Tentei segurar o braço dela, mas era inútil, seria pior, ela abriu a porta e ficou frente a frente com a loira desconhecida e prontamente falou:
- Bom dia.
- Bom dia, bom eu estou de saída para vocês conversarem.
- Não, pode ficar eu insisto, faça bom proveito, porque comigo já era, e alias, já avisando ele ronca, é fanático por Star Wars e sempre esquece a tampa do vaso aberta, esse é o resumo, sejam felizes.
- Mas não é nada do que você está pensando.
- Por favor, não me subestime, vai falar que você trabalha pra vigilância sanitária e está procurando focos do mosquito da dengue no banheiro dele, num sábado de manhã, vestindo mini-saia, salto agulha, e uma blusinha frente única, aliás gostei do seu cabelo, a cor é natural.
- Muitos me perguntam isso, é sim, minha mãe é Alemã, mas é sério, não é nada do que você está pensando, nós bebemos demais, e tudo não passou de um mal entendido.
- Amiga, se vocês não usaram camisinha esse mal entendido nasce daqui uns 9 meses.
Ela virou e foi andando, parou diante de mim.
- Não preciso dizer pra você não me procurar e nem me ligar.
- Tudo bem, já tinha entendido nas entrelinhas.
- Você não presta, e por um momento achei que você era uma boa pessoa.
- Agora eu prefiro me calar.
- Adeus
- Adeus
Ela partiu, escutei alguns móveis sendo quebrado na sala e a porta batendo, a loira colocou a mão em meu ombro, eu me virei e constatei que ela realmente era linda.
- Me desculpe, sinto que isso é culpa minha, talvez eu possa conversar com ela.
- Esquece, a conheço de longa data, está tudo acabado, não posso culpa-la por ir embora, eu também não aceitaria, e aliás a culpa também foi minha.
- É verdade.
- O que foi que eu fiz.
- Também não sei, não me lembro o que aconteceu na noite passada.
Naquele momento me deu um lampejo.
- Já que estamos aqui, você não quer tentar recordar.
- Achei que você não ia me pedir.
E por incrível que pareça estamos juntos até hoje. |