Meu tesouro vou guardar,
Longe das traças
E das palmeiras,
Onde canta o sabiá.
Ninguém o verá,
Mas o sentirá,
Na prosa trocada a troco de nada.
Dividirei com o mundo o que tenho,
Pois nada tenho que seja meu.
Levarei para longe,
No vento,
No próximo trem de pensamento,
As impressões boas que aqui vivi.
Eu vivi: isso importa.
Errei, caí, levantei.
E, se a alguém feri,
Que me perdoe, mas partirei
sem mágoa de ti.
Fiquem com minhas roupas,
Minha casa,
Meu carro,
Meu pobre dinheirinho amealhado em uma poupança no Itaú.
Mas o meu tesouro:
As alegrias que aqui vivi,
Os amores e amigos que plantei;
Esse carrego comigo,
Para o porvir do existir. |