Tema 190 - O LADO BOM...
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EM NOME DO PROGRESSO
Valéria Vanda Xavier Nunes

Há dias que venho querendo escrever algo relacionado a este tema "Em nome do progresso" em virtude do que vejo e leio a respeito. Dias atrás, lendo a coluna do jornalista Aguinaldo Almeida no Diário da Borborema cujo título era "Derrubaram o Pau mole", a vontade que estava dentro de mim aflorou, e cá estou eu aproveitando a "deixa" do Jornalista quando ele diz que: "A bem da urbanidade, da paisagem asséptica, da indústria turística - e eu acrescento - também a bem do progresso, puseram a baixo um dos espaços mais democráticos de João Pessoa".

Assim como ele que se sente triste e indignado com o fim deste "Bar" que para todos era uma "Instituição", onde se encontravam pessoas das mais diferentes classes sociais, eu, como moradora de Campina Grande e freqüentadora assídua da Rua Major Juvino do Ó onde moram familiares, fico também indignada e triste quando vejo que em nome do progresso também a estão "derrubando". Por causa do progresso muitas casas desta rua como também de inúmera ruas de outras cidades em desenvolvimento estão "condenadas a morrer."

É muito triste quando vemos casas que fazem parte de uma das ruas mais antigas de Campina Grande como a antiga Rua 4 de Outubro - que fazem parte da sua história e que por este motivo deveriam ser "tombadas", ao contrário, estão sendo derrubadas literalmente para dar lugar a prédios e mais prédios, a mais arranha-céus em nome do progresso. Não que eu seja contra ele, longe de mim, pois como Aquariana, sou uma pessoa dinâmica e muitas vezes à frente do meu tempo, mas, confesso com sinceridade que é muito triste olhar para aqueles espaços e ver que aquelas casas não estão mais lá. É triste por que sabemos que casas não são feitas apenas de argamassa, de cimento, de telhas, de portas e de janelas. Casas são feitas também de sentimentos, de emoções, de alegrias, de tristezas, de desejos. Derrubar casas é transformar em cinza e pó - em questão de segundos - o que estava ali há séculos. É derrubar não apenas as paredes, mas também os sonhos, as lembranças, os amores, as histórias de vida de seus habitantes.

Quantos sonhos aqueles quartos não acalentaram. Quantos filhos não foram gerados frutos do amor feito dentro daquelas quatro paredes. Quantas risadas não foram dadas naquelas salas de visitas... Quantos almoços e jantares festivos não se fizeram naquelas cozinhas. Tudo o que os seus habitantes passaram de sofrimento, de alegria e de tristeza, talvez ainda estivesse impregnado naquelas paredes e naqueles chãos hoje transformados em pó. Tudo em nome do progresso.

Como dizia meu velho pai, "A vida tem dessas coisas". Só nos resta sentir saudades do antigo e do que já foi, ver o lado bom das coisas e nos beneficiarmos do novo, do que vai chegar para nós em nome deste progresso.

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