Aquela
mulher caminhando pelas ruas dava-me a sensação de desconsolo.
Seus passos, apesar de firmes, tinham um quê de tristeza, talvez
desespero.
E não pude deixar de segui-la.
Rua após rua, eu quase pisava em seus calcanhares.
Quarteirão após quarteirão, nossas sombras quase
se confundiam.
O que ela carregava no peito que me afligia sobremaneira?
Que dor ela acalentava dentro d´alma que machucava a minha própria
alma?
Ela seguia muito rápido, quase correndo.
Tropeçou, quase caiu.
Amparei-a com as minhas mãos.
Senti a textura dos seus braços.
Não pude ver-lhe o rosto.
Soltou-se de mim e fugiu.
Corri em seu encalço. Não podia perde-la. Não podia!
Antes perder a minha própria vida!
Estava sendo arrastada pela correnteza da insensatez, nas esteiras do
inverossímil.
E não tinha como retroceder. Nem desejava.
Aquela mulher parou diante do bosque frio e nebuloso.
Ofegante, aproximei-me lentamente.
O véu que lhe encobria a face voou nos braços do vento e
eu pude ver o que tanto perseguira.
Olhos nos olhos, o espanto tomou-me a fisionomia e chorei.
Chorei pelos dias desperdiçados e pelos gestos incompletos.
Pelas lágrimas reprimidas, pelos sorrisos amordaçados.
Pelos amores mal resolvidos, pelas dores dissimuladas.
Chorei.
E aquela mulher ali estava, imóvel e triste.
Ela era um último suspiro, era um último olhar.
Desapareceu nas garras do tempo sem que eu pudesse perguntar como, porquê!
Aquela mulher era o meu futuro. Era o meu fim.
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