- Ela tá mostrando os braços... Eles são somente meus... Num vai sair assim!

E ele, até sorrindo, voltou para o quarto e trocou a camisa regata por uma de mangas.

- Não gosto disso... Não gosto daquilo.

E ele fazia seus gostos. Não saia pra cervejinha com os amigos, não ia, não ia. Não queria lhe magoar. Ajudava nos trabalhos e estudos da faculdade. Levava a mulher a todos os lugares que ia. Exceto Rio de Janeiro. Esperava uma oportunidade para lhe fazer uma bela surpresa, levando-a ao Pão de Açúcar (mesmo sabendo que ela morreria de medo no bondinho), ao Cristo Redentor (ao qual deixou de ir sozinho para curtir a primeira vez com ela) e, finalmente, à Pastelaria Colombo (seu sonho). Aí tudo desandou. Esquecida do nós, nem lembrou dela mesma. Deixou-se levar pela aparência e perdeu a rota. Fez tudo diferente do que ele havia lhe pedido. E o pior: às escondidas.

Flagrada, o perdeu pela primeira vez.

Ele a perdeu pela primeira vez. A dor aguda, o sofrimento, a angústia se instalou. E como doía doída aquela dor. Fez até uma música: "Miss you". Será que ela lembra?

Passado algum tempo, ela lhe pediu uma nova chance... E, acredite, ele é que estava ansioso por uma nova chance. Fez-se de rogado, mas era tudo o que queria naquela hora. Um probleminha aqui, outro ali, eram novamente um casal.

Recomeçaram os beijos, voltava a confiança. Até fazer amor passou a ficar melhor, muito melhor. Dormiram a quinta-feira na casa dele. Ele ficou muito feliz por ela ter ido. Apesar de pensar que foi por livre e espontânea pressão. Mas gostou. Na sexta, era Sexta-Feira Santos, correu ao mercado, comprou peixe, foi a casa dela, prepararam o almoço juntos e foram à praia. Almoçamos aquele peixe delicioso regado com uma pinga gostosa e dormiram abraçados.

Não saíram à noite por pura opção. Estava bom ficar em casa (na casa dela), onde dormiram.

Como teria que viajar, logo cedo foi ao seu apartamento, arrumou as malas e, pensando em ficar mais um pouco com ela, ligou para o colega de trabalho avisando que somente viajaria no domingo. Jogou as malas no carro. Prontas para viagem e voltou para lhe falar da novidade. Iriam à praia durante o dia e, à noite, teatro.

Voltou sem avisar... Angústia.

E agora, José?