ÔOOOHHH
ANGÚSTIA
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Andréa
Sargentelli
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- Outra vez Carolina, outra vez. Tenha paciência e aguente firme! Pensava ela. Todos os dias, Carolina repetia incessantemente esta frase para si mesma, pois ela precisava suportar o trajeto... - Ah meu Deus.. Com licença Senhor, com licença... Ufa! Consegui, pensou Carolina. Agora não se mexa Carolina, não se mexa! Mumifique-se. Vamos lá menina. Coragem! Logo-logo termina ok? Os pensamentos de Carolina embaralhavam-se por completo. Estava quente e muito abafado. Chovia agora, mas não sabia se era o melhor... Não podia mais enxergar a rua de onde estava. Sentia um leve torpor e parecia que ia perder os sentidos no próximo segundo. O raciocínio não conseguia ser lógico e ela forçava sua mente para que ele o fosse. Respirou fundo. Mas antes não o tivesse feito... Aquele misto de odores invadiu suas narinas e pareceu piorar ainda mais as coisas. Sentiu o brotar do suor em sua testa e uma forte vertigem lhe fez ver tudo rodar...Como se não bastasse, um grotesco solavanco a fez quase saltar do lugar em que estava. - Não, não podia perder este metro quadrado. Era seu e conquistado quase no braço e a tapas... Resista! Gritou silenciosamente Carolina. Tentando manter suas emoções sob controle, Carolina forçou sua imaginação a vagar por caminhos maravilhosos. Fechou levemente os olhos e pode ver o belo lugar arborizado e cheio de oxigênio. Nunca vira em outro bosque flores mais cheirosas e lindas do que aquelas... Puxa, como era bom... mas... - Aiiiiiiiiii! Vê se vê onde pisa!!! Suando frio e quase após ter caído de boca no chão, Carolina retorna abruptamente de seus devaneios e da pior maneira possível. Seu dedinho do pé, o menorzinho e mais delicado que podia existir em um pé, quase foi arrancado por um sapato alheio (acho que n° 45) e agora sangrava... Talvez nem tivesse mais unha. È melhor eu começar a rezar.... Trêmula e ansiosa, olhou para seu relógio de pulso e apreensiva notou que se passara somente 15 minutos do início de seus castigo diário. Porque tinha que ser assim? O que fez para merecer aquilo? Respire, respire pensou ela... Outro balanço e mais um balanço e de repente, estancou! O que será isso? Porque parou? Neste momento Carolina sente um calor e peso enorme em suas costas... Um corpo quente e fétido está prensando suas costelas e nádegas. Não há espaço possível para que nem uma formiga passe por ali... seu estômago se contrai...náuseas começam a revolucionar suas entranhas e... - Graças a Deus! Cheguei! Carolina tentou mexer as pernas rápido demais e quase caiu. Estavam amortecidas e pesadas... Mas conseguiu. Foi e seus cabelos ficaram...
Seus pés pisaram a calçada e ela foi do inferno ao paraíso. Agradeceu instantaneamente a Deus a oportunidade de respirar novamente! Mesmo que aquele ar poluído em meio a buzinas. Ao menos seu corpo estava livre daquele ônibus angustiante e somente amanhã de manhã ela pensaria novamente naquele terror... |
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