Tema 188 - ASSOMBRO
BIOGRAFIA
A CASA ASSOMBRADA
Djanira Luz

Baseado em história real
O nome dos personagens foram trocados para proteção e evitar especulações.

Pela história da cidade, a casa a que me refiro, foi construída onde antes era uma fazenda. Nela habitavam os imigrantes da Suíça que vieram para o Brasil por volta de 1820. Havia muitos escravos negros para os serviços gerais e domésticos.

Antes destes acontecimentos, eu era céptica em relação aos assuntos sobrenaturais... Agora, já nem sei.

Novembro 2007

03:00 h

- Três da manhã? Que coisa... Será que Téo esqueceu a luz da sala acesa? - Bia falou consigo mesma - Vou ter que acordá-lo.

-Téo, Téo, acorda...

- Que foi Bia? Que horas são?

- São três da manhã... Escuta, você esqueceu de apagar a luz da sala?

- Claro que não. Você sabe que sempre confiro lâmpadas e tomadas antes de vir para cama.

- Então corre Téo, vai até lá ver se tem alguém na sala... A luz está acesa!

- É mesmo, será que foi a Cris?

- Não sei...

- Fica aí, vou conferir e já volto.

***

- Bia, que coisa esquisita...

- Que foi, Téo? Fala...

- Não foi a Cris que acendeu a luz, a porta dela estava trancada por dentro. Mas o que você não vai acreditar é que ela está queimando em febre!

- Meu Deus! Vou pegar o termômetro e a Novalgina infantil.

- Vou levar água, Bia, febre dá sede.

***

- O que foi, meu amorzinho, que aconteceu de ficar com febre de repente?

- Minha cabeça tá doendo, mamãe...

- Vem cá, meu amor, deita aqui no colinho da mamãe.

***

03:40h

- Bia, vamos voltar para o quarto, ela já dormiu.

- Téo e se a febre voltar?

- Fica tranqüila, meu bem, o remédio mantém a febre baixa por quatro horas mais ou menos e até lá, estaremos acordamos.

- Então, vamos.

***

- Téo, deve ter sido um anjo que me fez despertar para salvar nossa filha. O Anjo Rafael, que quer dizer "Deus Cura".

- Deita aqui coladinha em mim, Bia... Olha, achei super estranho a luz estar acesa e a Cris queimando em febre também. Deve ter sido alguma boa negrinha escrava que veio e acordou você assim:

"-Acorda, Nhá Bia que a Inhazinha tá queimando em febre!".

- Deixa disso, Téo que tenho medo! Mas que é estranho a luz acesa, concordo...

***

06:00

- Bom dia, mamãe e papai! Tô morrendo de fome!

- Cris, você está bem? Vem dá um beijo na mamãe, meu amor!

- Tô ótima, por quê?

- A febre... Você não se lembra?

- Eu?! Com febre, papai? Não me lembro... Estou me sentindo ótima!

Téo olha assustado para Bia.

- Pára de me olhar assim Téo, que eu fico impressionada...

- Ué, Bia, ela não se lembra e...

- Não começa Téo, por favor...

- Minha filha, você teve febre de madrugada, você tem certeza de que pode ir para o colégio?

- Claro, paizinho, tô ótima, já falei!

- Vou tomar meu banho, mamãe.

- Ok! Vou preparar um café bem gostosinho para minha filha linda!

- Bia, você vai comentar com alguém sobre o acontecido?

- De jeito nenhum! Você sabe que o pensamento de medo coletivo faz até assombração vir jantar aqui em casa...

Téo achou graça...

- Não comente nada com nossa filha para que não fique com medo de dormir sozinha, está bem?

- Claro que não, Téo.

- Você vai ficar bem sozinha, Bia?

- Com um pouco de medo, mas vou sim.

Téo Beija Bia e segue para o escritório.

***

11:45

Quase na hora do almoço, Bia vai para o andar de cima da casa, buscar sabão no depósito. De repente, sua fox paulistinha se posiciona em frente a cozinha e começar a latir como se estivesse enfrentando algum animal grande, pois ao mesmo tempo que latia para atacar, se afastava com certo receio. Quem teve medo foi Bia. Passou a mão no bastão do treino de Kung-Fu, desceu a escada com cuidado, pois imaginou que alguém adentrou pela casa enquanto estivera lá em cima. Bia teve a impressão de ter visto um vulto entrando pela sala. Estava tomada pelo medo, mas precisa verificar o que era. Lembrou que estava na hora da filha chegar do colégio e que a menina poderia ter entrado pela garagem. Diante disto, ela teve coragem de entrar na casa. Ao entrar na sala, sente um ar gelado em seu rosto, como se alguém tivesse passado correndo por ela. Bia congela, não consegue sair do lugar, suas pernas não obedecem tamanho é medo que sente. Aquela mulher começa acreditar que possam ser espíritos do além...

Meia hora depois Cris e Téo chegam para almoçar. Percebendo algo estranho com a mulher, ele pergunta:

- O que houve? Que cara é essa, Bia?

- Não foi, nada, querido... Acho que foi noite mal dormida...

***

Duas semanas depois...

02:15

A caixinha de música que só toca quando abre a gavetinha, começa a tocar sozinha às duas e quinze da manhã.
Téo desperta e acorda Bia. Os dois estranham e comentam que alguma coisa está acontecendo naquela casa. Bia começa a fazer uma oração, pedido proteção para o lar. Téo fica pensativo, mas logo volta a dormir.

***

Férias de dezembro 2007

13:15

Cris brinca com uma tia, irmã de Bia. A menina está assustada e diz para a tia:

- Tia, vi duas pernas atravessando a janela do meu quarto.

- Que isso, menina... Pára de inventar essas coisas!

- É verdade, tia... Juro que vi duas pernas atravessando a janela.

Bia ouve aquilo e entra no quarto. Sente o corpo todo arrepiar e um ar gélido em pleno mês de dezembro.

- Ui! Que frio! Parece mesmo que tem almas penadas habitando esta casa, pois ultimamente têm acontecido cada coisa...

- O que aconteceu, mamãe? Você também viu fantasma?

Arrependida de ter deixado escapar aquela revelação, Bia dissimula uma resposta:

- Nada, meu bem, estava querendo assustar sua tia. - e saiu rindo do quarto.

- Venha, Cris, vamos tomar uma limonada para refrescar um pouco.

- Obrigada, tia, não quero. Vou jogar no computador agora.

- Ok, então, linda!

***

- Bia, que história é essa de "coisas estranhas" acontecendo aqui?

- É, Bia... Falei para você, mas não me deu atenção! Da febre da Cris, do ar gelado na sala, da caixinha de música e agora a Bia...

- Fala sério! Ai, meu Deus, que coisa... Acho que vou antecipar minha ida para casa. - disse Cinha rindo.

- É fica rindo! Sabe, Cinha, estive pensando numa teoria... Estou ficando especialista nas coisas do além.

- E o que foi, dona "Ghost Expert"? - brincou Cinha.

- Penso que o inferno é muito, muito frio, pois é o lugar da morte eterna. Quando sentimos medo de fantasmas, assombrações, ficamos com frio não é?

- E daí? Não estou entendendo onde você que chegar, Bia.

- Bem, se o inferno é um lugar frio, frio de morte, é por isso que lá tem rio de fogo eterno, para o mal ficar aquecido! - concluiu Bia como se estivesse encontrado uma grande resposta.

- Ah... É isso? Você precisa tomar chá de camomila, Bia.

***

Março de 2008

05:30

Téo escuta passos e acorda Bia.

- Meu bem, Cris acordou, está vindo para cá.

- Mas já? Hoje não tem aula...

Bia também ouve passos, mas como Cris não aparece, Téo vai verificar. Nada de Cris na sala. Téo estranha e vai até o quarto da filha e certifica que ela está dormindo tranquilamente.

***

- Cadê a Cris?

- Olha, Bia, não quero amedrontar você, mas começo a ficar preocupado com essas coisas acontecendo aqui em casa...

- Téo, até acontecerem essas coisas aqui em casa, você sabe que já acreditava em assombrações, mas agora... Morro de medo!

***

Maio 2008

23:00

Téo está deitado, Bia está saindo banho. Ela põe o pijama e deita ao lado de Téo. Quando Bia começa a cair no sono, escuta Téo gritar:

- Que isso???!!!

- Que foi, Téo?

Téo não responde. Bia insiste:

- Que foi, Téo?

- Acho que Cris foi até a cozinha beber água. - responde meio confuso - vou até lá ver.

Mas, Téo volta rápido, pega um cobertor, morrendo de medo se joga na cama e dizendo:

- Cruz-credo! Não tem ninguém na cozinha e juro que vi alguém passando.

***

O último acontecimento relatado, foi que a Bia sentiu alguém deitar ao seu lado na cama. O colchão afundou como se fosse peso de um corpo deitando. Ela estava de lado assistindo telejornal.Acreditando ser o Téo, pôs a mão para acariciá-lo. Não tinha ninguém!!!

Depois destes relatos Bia acredita que nunca fica sozinha em casa, que sempre tem algum espírito ali com ela... Bom ou mau, isso ela não sabe!

***

E você, acredita mesmo que esteja aí sem ninguém ao seu lado???!!! Duvide...

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