CRÔNICA
RESIGNADA DE UM ALLEGRO MISANTROPO XXXIII
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Sérgio
Galli
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(ao
som das sonatas para piano e violoncelo, de Felix Mendelssohn) "Vive-se
cada vez pior, gastando cada vez mais dinheiro; Assistimos a mais uma cíclica crise capitalismo. E as ironias afloram. O mantra livre mercado livre mercado cantado há duas décadas virou a marcha fúnebre. E, quem diria, o livre mercado foi salvo pela dinheirama injetado pelo demônio Estado. Bilhões, trilhões para bancos, financeiras, seguradoras. O colapso financeiro, fruto da especulação financeira desenfreada deixou o rei nu. E agora? Para variar, quem "paga o pato" é a patuléia. Milhões e milhões de desempregados. Quase um bilhão de famintos. Será mesmo que acabou a escravidão? Somos escravos do trabalho. Como já disse um velho barbudo lá pelos meados do século 19, vendemos nossa força de trabalho em troca de um salário. Ou seja, vivemos para trabalhar e trabalhamos para pagar contas. Inclusive a contra dessa crise financeira. Trabalhamos para garantir a renda dos acionistas do Citibank (salvo da bancarrota pelo governo americano). Tudo no capitalismo é mercadoria (de novo o velho Carlos), quer dizer, inclusive nossos corpos, mentes, corações, consciência, etc. Desde
as primeiras civilizações, os sumérios, fenícios,
passando pelos gregos, troianos e romanos, havia escravo. E vieram com
as invasões bárbaras mais escravidão. Depois os senhores
feudais e seus vassalos. Nos primórdios do capitalismo, com a descoberta
do Novo Mundo, a escravidão já era um negócio e o
escravo, mercadoria. 1789, a revolução francesa, em seguida
a revolução industrial e as primeiras lutas dos trabalhadores
por melhores condições de trabalho e o resto é história.
Chegamos ao século XXI, cheio de tecnologia, progresso, chips...
continuamos escravos (principalmente do dinheiro). Escravos e reféns
do automóvel. Escravos da religião. Escravos da razão.Escravos
da tecnologia. Escravos da rotina. Escravos da indústria do entretenimento.
Escravos da indústria da doença. Escravos das ilusões
perdidas. Escravos da desrazão. Escravos da infinita estupidez.
Enfim, estamos mais acorrentados que Prometeu. Livre arbítrio é
apenas mais uma ilusão. Liberdade é o limite do cheque especial. Como bem disse o geógrafo Milton Santos "Vivemos sob a tirania da informação e do dinheiro". Dica de leitura: "Os irmãos Karamazov", de Fiodor Dostoievski, editora 34. verão de 2009 |
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