PALAVRA
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Mark
Brunkow
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Sou
fã da palavra seja ela escrita, cantada, falada, sussurrada, gemida
ou mesmo a não dita, aquela que fica subentendida e que geralmente
é a que mais nos toca. Algum
tempo fui questionado do porque de eu não escrever com mais freqüência. Fui
logo dando as desculpas mentirosas normais, aquelas que soam tão
naturais que a gente nem percebe mais. Como, eu te amo, ou, não,
você não engordou! Outras
vezes são mais poéticas como, não ando muito inspirado,
ou a minha favorita, tudo o que havia de bom para ser escrito, já
foi escrito. Mas
como eu disse são desculpas, tentativas para escapar desta maldita
necessidade. Confesso que escrever para mim é um sentimento contraditório.
Assim como é um tormento, uma angústia crescente, também
é algo que me proporciona uma satisfação tão
intensa quanto música, sexo ou chocolate. E só um chocólatra
como eu compreende a intensidade da experiência áudio-gastro-erótica
de fazer sexo com cobertura de chocolate ouvindo boa música. As
poucas vezes que sento e me proponho a escrever é porque já
não agüento mais. As palavras em minha mente estão
suplicando para serem escritas e ganhar vida. Idéias surgem em
turbilhão como uma avalanche. Fico extremamente impaciente e inquieto.
É como se uma energia percorresse todo meu corpo. Os pelos de meus
braços e nuca se arrepiam, ás vezes acredito mesmo que terei
um orgasmo ao escrever algo que realmente sinto. E não se iludam,
tudo o que vale a pena na vida é assim. Você tem que sentir
toda sua intensidade, paixão e vontade. E com a palavra não
seria diferente ao contrário você tem que sentir na pele,
no tato, na ponta da língua. Como diz Rubem Alves, "o saber
tem que ter sabor". Dizem
que a maneira para nos tornarmos imortais é através de nossos
filhos que carregam nossa herança genética, mas acredito
que a verdadeira imortalidade é conseguida quando tocamos verdadeiramente
o coração de uma pessoa. E não existe melhor maneira
para isto do que utilizar a palavra seja ela em qualquer uma de suas muitas
formas. Então
porque na faço isso mais vezes? Porque esperar até o extremo
para escrever? Simples.
Por que não sou eu quem decide quando ou quanto escrever, mas sim
as palavras. São elas que tem vida. Não são como
eu que apenas sobrevivo neste mundo cinza. Os sentimentos não são
meus, são delas. Em suas mãos não passo de uma prostituta, que espera ser usada até a exaustão, satisfazendo seus desejos mais profanos e profundos e ao final suplicante só espera pela hora que será novamente solicitada. "Quem
escreve, afinal - o escritor ou a escritura?". |
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