E
NA INTIMIDADE...
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Doca
Ramos Mello
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_ Galega, me passa o ..hic...goró, faz favor... _ Ó, já falei p'ra me chamar pelos meus dois nomes porque fica mais formal. _ Formol...?! Eu já fiz uma pá de progressiva e... _ Formal, morzinho, chique. Eu agora uso o botox da Marta, sigo a Glorinha Kalil, tenho passaporte italiano, benhê, ou acha que quando a água bater nas nossas costas vou voltar para o chão de graxa do ABC? É ruim, heim... _ Tá certo, hic, então me passa a caipirinha aí. _ Óóóó, o gordo já falou que você bebe muito, te cuida! _ Que gordo? Não ouvi, não vi, não sei de gordo nenhum. _ Ah, é bebé? Fala isso de novo na frente da Fiel, ele é o melhor artilheiro das Copas, e agora, corintiano roxo, heim... _ Isso aí, Galega, nunca antes nesse país...hic! _ Já sei. _ Pena que perdemos o hexa, morzinho, já pensou? _ Ô. Nunca antes nesse país...hic... _ Já sei, já sei. E foi p'ro brejo. Começo a me preocupar... _ Passa o goró, minha santa. _ Minha santa... Já viu o Favre chamar a Marta de minha santa? Isso é coisa de pobre. Será que não dá p'ra você melhorar esse seu jeitão popular? Eu tenho pretensões, não quero apodrecer neste país, quero viver lá na Itália e ter também um castelo na terra do Charles, andar feito a rainha naquela charrete chique, vê se para de me chamar de minha santa, credo! _ Ceeeerto, madame... O Charles é tão limpinho, hic! E o casamento da Marta sifu, quá quá, quá!!! _ Acha que a gente emplaca a Dilma...? _ Que Vilma...? Ah, a Dilma. Não, estou só...hic...disfarçando, vou para a terceira rodada, minha véia. _ Hic! Véia é a sua... _ Schsss, olha o protocolo. _ Você acha que emplaca...urgh, final de caipira é dose, enche o copo aí... _ Não tem p'ra ninguém. _ Certeza? Ai, benhê, adoro esse palácio, amo fazer o arraiá aqui, só saio daqui se for para morar lá na Europa, aí você pode bem comprar uma coroa p'ra mim... Se bem que o pessoal vai falar em golpe, vai botar seu nome na boca do sapo... Sapo barbudo, hehehe, hic! _ Que golpe?! Passa o goró aí e sossega, mulher, sou cabra macho, tenho um baralho inteiro na manga...hic... Que pinga é essa, heim?! _ Que baralho...? _
O pobre, galega, esse meu escravo, o pobre, hehehe...hic, hic! _ Dá não, vixi!, mas nesse tipo de pobre dá, sim. _ Que tipo, e pobre lá tem tipo? _ Tem, minha véia, graças a Deus, tem o pobre escravo de tudo e que vai morrer pobre escravo da educação ruim, da saúde esculhambada, do desemprego, é nesse que eu confio, 'xa comigo. Vou...hic...criar outras bolsas, galega, ninguém me segura, o pobre me ama e me elege. Pó passá a garrafa aí. _ Como assim? _ Olhe, tem pobre que até pode melhorar um pouquinho, assim uma meia dúzia no meio de mil, tem aqueles que nem eu, um em 180 milhões, nunca antes nesse país hou... _ Chega disso, que saco, já sei, pô! Hummm, boa essa caipirinha... Mais gelo...? _ O que eu quero dizer é que essa pobreza escrava não acaba nem pode acabar porque a gente dá um jeito de ela ser eterna, é essa pobreza que vai votar em mim sempre, achando que sendo um deles eu venci, então esses bobos me adoram, eu sou o máximo pra eles, hic! _ Acha mesmo? _ Como dois e dois são...sete...doze...seis...hic, sei lá! _ Então, posso encomendar o vermelho da terceira posse. _ No Walter Rodrigues...? _ Ah, não, dessa vez, vou ver um estrangeiro bom, quem sabe um costureiro que veste as mulheres do cinema como aquela bocuda, ou a Madonna, quero alguma coisa internacional, bem tchan. _ Tchan? Sheila Mello, que tchan, hic! Seguuuura o tchan! Nunca antes nesse país... _ Pára com isso, que saco! Vai se emocionando que eu lhe mostro o tchan, eu durmo com você, eu sei das coisas, alôôuuu, esqueceu? Olhe que eu posso virar uma Nicéia Pita na sua vida, me apoquenta só e tu vai ver o que é bom p'ra tosse, cabra safado! _ Que isso, "companhêra", hic, brincadeirinha, zuzu bem... Hic, caipirinha da boa essa, me passa o gelo... |
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