GRAÇA
AO ONTEM
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Ken
Scofield
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No chão
se sentou, fechou os olhos e viu o filme. Pouco conhecido de muitos, bem
particular, relaxante tão quanto. Não desejaria despertar
daquilo. Não era sonho ou algo definível que pudesse com
palavras ser dignamente entendido por outros, não na sua mais detalhista
individualidade portátil ou feita sob medida. Quem arriscasse a
observá-lo podia imaginar que se tratava de alguém que estava
diante de algum espetáculo que continha música, dança
ou parecidos. Transeuntes aos montes o analisavam por alguns segundos
e seguiam. Um deles, um pouco intrigado estacionava ao seu lado e perguntava: -O que
você sente? Sem nenhuma
resposta abaixou-se e o fez companhia. Tempos
depois a cena tornava-se estranha: dois indivíduos meditando? Minutos
mais tarde só restava o primeiro. O segundo parecia ter se saciado
e não mais interessavam as razões dos outros. Seguiu seu
destino pensando o quanto outro seria um louco. Antes de sumir por completo
daquele grande salão ouvia: -Você
quer mesmo saber o que estou sentindo? De olhos
arregalados aquele senhor já de alguma idade dizia: -Quero
sim O misterioso
homem que estava no chão frio, por quase uma hora sem se mexer,
respondia: -Estava sentindo tudo que vivi. Nunca parei pra perceber o quanto deixei de viver, mas ao mesmo tempo degustei todos meus bons dias. Estou pronto para o hoje e o amanhã, e por isso devo agradecer apenas ao ontem. |
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