O
ANJO QUE VEIO NO NATAL
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Sharon
Ratis
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Desde que meteu uma bala na cabeça manchando de sangue os cabelos louros e levando o azul de seus olhos embora, acendo uma vela por sua alma. Todas as noites. Os antidepressivos e o uísque não fazem mais efeito algum. Não anestesiam minha dor, minha culpa, minha saudade. Apago as luzes de Natal e acendo trôpega todas as velas. Peço que ele me mostre onde está. Quero saber se está bem, se está num bom lugar. Se é como ele imaginou. Se valeu a pena. O que vejo é um corpo sujo de lama e sangue, meu pai, um cabelo desgrenhado, um olhar insano, azul e vazio. O calor das chamas me envolve enquanto caminho em sua direção e ele me estende sua mão descarnada. Os sinos anunciam a Missa do Galo. |
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