CRÔNICA
RESIGNADA DE UM ALLEGRO MISANTROPO XXXII
|
|
Sérgio
Galli
|
|
(ao som de "Le Vieux", de Jacques Brel) "nascer,
fornicar, morrer". "Não
é difícil morrer nesta vida; / viver é muito mais
difícil."
A vida é um horror. A vida humana, é claro, que é maior estupidez... humana. Oxímoro. Outras espécies, seja da flora ou da fauna, são belas. Quem
disse que a vida é bela? A
vida é um inferno. Vive-se para trabalhar. Trabalha-se para pagar contas pagar contas pagar contas pagas contas pagar contas pagar contas contas a pagar contas a pagar contar a pagar contas a pagar contar a pagar contas a pagar pagar. Contas boleto boletos boletos boletos boletos boletos boletos boletos boletos boletos boletos. A vida é escárnio. Vida é suplício. Vida é café amargo. Vida é azougue. Vida é ter de conviver com seres humanos, o tal homo sapiens. O mais demente ser que vive neste planeta. O mais perverso. O mais cruel. O maior carniceiro. O maior predador. Destruidor-mor. Devastador-mor. O mundo melhor só será possível com a extinção, o mais rápido possível, do homo sapiens. Um planeta sustentável só sem seres humanos. Era para ser um Conto (Canto?) de Natal com aquelas mensagens de paz e esperança. Mas nesta época do ano sou atacado pela melancolia. Tudo me parece, mais do nunca, falso, hipócrita. Estas tais festas de confraternização me dão asco. Além do mais, sou ateu. Ou seja, Natal nada significa para mim. Lembra nascimento. Reprodução da espécie. Essa espécie que tantos males causa. Poucas obras-primas - "A comédia humana", "Crime e castigo", os últimos quartetos de cordas de Beethoven, -- para citar algumas é o só o que restou de bom do ser humano. Dica de leitura: "A viagem do elefante", de José Saramago, editora Companhia da Letras. |
|
Protegido
de acordo com a Lei dos Direitos Autorais - Não reproduza o texto
acima sem a expressa autorização do autor
|