NATAL
EM SANTA CATARINA
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Flavio
Luengo Gimenez
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(Homenagem ao Povo Brasileiro!) Para onde quer que ele olhasse, desolação. Imagens fortes, lares destruídos. Uma paixão que se fora, uma outra família que desaparecera. Ele mesmo, sozinho agora, sem filho, sem mulher, nem casa mais tinha. Não tinha mais nada. Só tinha seu corpo, seus ossos, sua lucidez absurda batida pelos ventos do imponderável. Ele tinha a si mesmo, se abraçando desesperado enquanto as águas levavam o que restara de toda uma vida, de muitas vidas em silêncio. Suas lágrimas se juntavam aos pingos inclementes que ainda insistiam em cair do céu carrancudo. Ele baixou a cabeça e fechou os olhos. Viu toda uma nação se levantando, pais e mães de toda a terra se unindo num abraço, pessoas das mais variadas matizes doando o que tinham e o que não tinham. Chorou, soluçando pelo que jamais poderia ter de novo. Vidas não se recuperam jamais, ele sabia. Foi quando sentiu o toque de uma pequena mão em seu ombro duro de tanta tristeza, molhado de tanta argila remoída. A mão que tocara nele era a de um pequeno menino, que pediu seu abraço, desamparado por não ter mais ninguém senão ele mesmo. Como ele! Num instante, ele se viu de pé. Tinha uma missão agora! |
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