PRIMEIROS
ANOS
|
|
William
H. Stutz
|
|
No começo nada havia. No ar apenas ondas de rádios, televisões e, claro, cinzentos satélites espiões. Estática sem estética. No começo quase nada nos céus. Nada muito além do azul, de aviões de carreira, aves migratórias, balões de São João e fogos de artifício. Azáfama pólvora. No começo a solidão das letras; presas em livros, jornais e revistas por vezes, como pão esquecido, mofavam. Querendo ganhar mundos e fundos. Pacientemente em apertados tipos, capas e sebos, alguns às traças outras às moscas, aguardavam. Era apenas o começo. A mudanças estavam por vir. Óvulo fecundado, vida nova criada, sem percalços ou interrupções o caminho seria um só: o despertar, o nascimento, o soar das trombetas, fartamente anunciadas em bem elaboradas e coloridas filipetas. Pierrot a sorrir. Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Potestades, Virtudes, Principados, Arcanjos e Anjos, muitos Anjos em revoada silenciosa migraram, éter-luz. Destino: novas nuvens de silício e bits, cyber-céu. Nuvens aos poucos povoadas por uma gente diferente. Nem tão gente, nem tão anjo. Gente-sentimento, gente-luz. Gente criadora de sonhos e caminhos. Alquimistas das letras a lapidar incessantemente a pedra filosofal da imaginação, um eterno transmutar de tudo em letras, emoção e calor. Do começo, apenas lembranças, nesse ninho de condensados elementos habita o povo-anjo, nada mais será como antes, pois lá, naquele cantinho seus habitantes são forjados em brilhante/nobre metal, forte fibra. Gente literata, gentil, cordata. Anjos? Claro que sim, mas estes, caro amigo, forjados em mística bigorna e martelo, da mais pura e fina Prata. |
|
Protegido
de acordo com a Lei dos Direitos Autorais - Não reproduza o texto
acima sem a expressa autorização do autor
|