Criança bem educada, menino obstinado. Sempre alcancei o que queria, o que dava na cabeça.
Uma vez queria muito uma árvore de natal, por mais simples que fosse... foi bem simples mesmo, não importava, visto que a árvore estava lá.

Almejava voar e, ao menos nos sonhos, voei. Um vôo bem alto, porque nos meus sonhos eu não tenho medo de altura, de raio, de trovão, de gente. Simplesmente plano confiante de que aquela sensação é para sempre.

Gostava tanto de filmes e músicas; porém nem os filmes nem as músicas das quais gostava eram em português. Tudo estrangeiro. Quero entender o que eles falam nesse filme. Contudo, antes de saber balbuciei muita besteira. E assim, da noite para o dia, aprendi. Não me pergunte como - bem, eu penso que foi Deus quem me ajudou, uma vez que sempre ele o faz -. Enfim, aprendi inglês, logo pude cantar e ver os filmes.

Quando queria amar, sofri, reclamei, xinguei, chorei. Apesar das dores, sarou. Continuei amando, porém, sempre a pessoa errada. Quis desistir... pronto! Pouco menos de quatro anos sem sorrir, sem cantar, sem chorar, sem amar.

Depois disso o caminho rotineiro era: escola, casa... casa, escola... escola, casa... casa, terapia, escola... escola, terapia, casa. E estupefato consegui chorar de novo. Ah, chega!

Inesperadamente deixei tudo, já que após um tempo até as tristezas foram embora e a alegria cansada me deixou. Todavia a esperança, ainda que fraca, continua sussurrando: "Ao passo que a dor se torna lancinante as feridas melhoram". Acreditei. Peguei as malas e rumei pelo único caminho que conseguia enxergar.

Está melhorando, dói e sara um pouquinho a cada dia. Mas agora eu quero é sorrir, porque eu mereço também. Mereço sorrir sem razão ou motivo aparente, simplesmente porque sim.