MISTÉRIOS
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Adriana
Vieira Bastos
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O receio existia, mas a ousadia inesperada a incitava a ingressar naquele universo obscuro, cheio de mistérios a ser explorado. Não era uma gruta qualquer, diziam alguns espeleólogos famosos. A escuridão era assustadora. Sentia a pele arrepiada. Não sabia se por causa da umidade do lugar, ou por não saber o que encontraria à sua frente. Sentia a boca seca. O coração palpitante. Um calor dentro de si contrastava com a umidade externa. Cada passo dado, um suspiro. Como se este suspiro pudesse impedir o medo, que tomava conta de si, de ecoar dentro da caverna. Pressentia que precisava prosseguir. O desejo de ultrapassar seus limites sobrepunha a simples vontade de ter apenas mais uma aventura para contar no seu regresso. Conforme caminhava, ia se deixando levar pelas belezas que a gruta gentilmente lhe oferecia. Isso a fazia querer continuar. Eis que, de repente, deparou-se com o desaguar de águas cristalinas. Caminhou rapidamente em sua direção e sorveu-as com a avidez de quem há muito vinha perambulando a ermo pelo deserto. Feliz, viu sua sede ser saciada e constatou que sua alegria era tanta, que se esquecera do medo. Para festejar, entrou embaixo da cachoeira e deixou-a tomar conta do seu ser. Permitiu que ela arrastasse consigo qualquer vestígio dos temores que fizeram tanto tempo parte de sua vida. Encantada e leve, agradeceu o momento vivido e despediu-se daquele santuário com o sorriso de quem havia descoberto a luz dentro de si, no meio da escuridão. |
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