BEBIDINHAS
ESPIRITUOSAS | |
Sérgio
G. Muknicka | |
Devido ao horizonte, aos tons de laranja, aos plátanos e às más notícias, você já não é mais o mesmo. Esse ocaso marrom, melancólico e estranhamente reconfortante fazem de você tão frágil e manipulável que precisa desesperadamente de algo forte para lutar contra a sensação. Onde está o uísque? Não só pelo frio, mas também pelo inverno seco e feio, uma dose de licor à noite para espantar a friagem vai bem. Tossiu; um pouco forte demais. Credo! Logo o licor se agarra à garganta e desce bem doce e raspando... horrível. Olha as margaridas, as roseiras carregadas de botões, o ipê florindo. Chegou, finalmente! Vamos comemorar a promoção? Novamente ele vai à garrafa, nem me lembro o que era. Gim ou algum vermute. Bem, ele bebera e bebera. Comemorou a promoção, a primavera, brindou ao cachorro, a tudo. No verão... Por que a gente não vai mais se ver? A ligação está ruim... o quê? Ah? Problemas com o quê? Ano após ano; as estações vão e ele bebe para festejar, para esquecer, para falar... Do que era que eu estava falando mesmo? | |
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