CHUVA
DE OUTONO | |
Ken
Scofield | |
Não admitia nenhuma estação diferente daquelas duas. Para ele tudo se resumia a inverno e verão. Parou extasiado, pois tinha uma visão incomum: aqueles olhos brilhavam de tal forma que viajou dali. Se via contemplando um céu ensolarado digno de um quadro, pensava não contemplá-lo sozinho, isso o mantinha firme, passaria anos ali parado, era o que bastava. Sem entender foi surpreendido: alguns pingos caiam em seus braços. Como podiam? O céu estava lindíssimo há segundos atrás. Não ligava, continuava, então notou que acordara daquele sonho que mesmo em pé o tomara. Procurou pelos lados e já não via mais aqueles olhos. Sem saber correu desesperado até avistar um senhor que parecia observá-lo. Então perguntou: -Meu Senhor, está ai há muito tempo? Aquele senhor já com certa idade e cachimbo na mão respondia com um semblante bem ranzinza no rosto: -Estou sim, por quê? O sonhador desesperado, agora mais desesperado que sonhador respondeu com outra pergunta: -O Senhor não viu mais ninguém por aqui? Nem uma menina linda dos olhos mais lindos que já vi? -Bem, vi sim. Assim que o tempo mudou, ela se foi. Tentou lhe alertar, mas algo como um transe parecia tomá-lo. Além disso, ela gritava que odiava o outono que sempre acabava com os planos dela. Sem nunca prestar atenção a estações do ano, um surpreso sonhador perguntou: -Não estamos no inverno? -Não amigo, essa chuva foi de outono, o inverno deve vir pior ainda. | |
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