No início, tudo eram flores. Lucia apaixonara-se por Carlos, a quem conhecera pela internet, por intermédio de um ex-namorado. Essas redes de relacionamentos são assim, por intermédio de um antigo amor, encontra-se um novo. Mensagens enviadas pelo celular a conquistaram. Letras de músicas românticas. Achava-as bregas, umas nem tanto, mas o fato de ele as mandar a deixava com borboletas na boca do estômago. Queria conhecê-lo pessoalmente, sentir seu toque, sentir seu cheiro. Marcaram um encontro.

A paixão tinha um calor sufocante. Amavam-se cada vez mais. O suor dela era um dos gostos preferidos dele. A mão dele a fazia delirar. Pegavam-se na cama, no sofá, no chão da sala, onde desse na telha. Trocavam carícias íntimas no escurinho do cinema. Agarravam-se nas festas, em todo lugar. Tudo aquilo parecia infinito.

Então, as folhas das cartas escritas no inicio espalhavam-se pelo chão, enquanto Lúcia arrumava seu guarda-roupas. Carlos estava trabalhando muito, chegava cansado, procurando o colo dela. Dizia ser o lugar mais seguro do mundo. Lucia gostava de estar com ele, mas perguntava-se se ele era o homem a quem ela gostaria de se dedicar o resto de sua vida. Ela encantava-se a cada estação por um novo rapaz. Ele já pensava em traição.

Carlos andava distante, frio. Sabia que Lucia passava as madrugadas na internet com um jovem amigo, mais novo, mais belo. Já havia descoberto outras paixonites dela e até traições. Traira também, mas enganara-se mais do que a ela. Não podia mais se envolver com ninguém, nem com Lucia. Estava magoado demais. Sabia que era o fim.