"Tudo tem o seu tempo próprio.
Mas ainda que Deus tenha posto no coração do ser humano a ideia da eternidade,
mesmo assim o homem não consegue atingir inteiramente todos Seus propósitos,
desde o princípio até ao fim".
ECLESIASTES, 3:11

Vamos pelo princípio:

Quem apareceu para ler meu texto da quinzena, se deparou com a mensagem "Parei de escrever. Obrigado a todos que me acompanharam ao longo desses anos. Abraço!" ... Sem querer engrandecer o evento, a decisão tornada pública se espalhou como um rastilho de pólvora dentro do meu pequeno círculo de amizades. Gente que me acompanha desde o início e gente que começou a participar na quinzena passada, gente que nunca escreveu e eu nem sabia que era meu leitor, gente das relações pessoais que me lê apenas pelo cultivo da amizade, gente! E-mails, telefonemas, mensagens de MSN com as mesmas perguntas, então eu respondo aqui.

Existe um tempo para o sonho, para a ilusão, para a descoberta do que é possível. Eu sonhei, me iludi, descobri o limite. Descobri que escrever é possível, publicar é possível, ser escritor é fácil - bem, talvez eu ainda esteja iludido. Ser escritor pode até não ser tão fácil, mas também não é impossível. É função de fácil manejo e pode ser realizada por qualquer pessoa alfabetizada. Alguns críticos literários podem querer me contestar, apresentar teses e doutorados sobre os complexos caminhos da literatura, mas a função deles é essa mesma, dificultar as coisas para manter as aparências de divindade da Inspiração. Mas as musas também se foram, o tempo delas acabou! Tudo que um candidato a escritor precisa é um lápis e um papel (serve tb teclado e monitor). E imaginação. E tempo para olhar em volta, conferir que está sozinho e trabalhar o texto. A função do escritor é dar à sua imaginação uma forma que será compreendida/reconhecida por algum leitor, em algum lugar.

Falei do tempo? É utilizando o TEMPO que vou esclarecer a minha decisão. Sempre consigo um tempo para escrever, isso não me falta, tempo. Mas é justamente o tempo que estou me obrigando a escrever, para manter a rotina de participação ininterrupta, que está me incomodando. Desde o princípio do sítio Anjos de Prata, meus textos sempre estiveram nas atualizações. Jamais falhei em enviar um texto nas 178 atualizações antes de hoje. No início era puro prazer, depois foi virando rotina, com o tempo foi se transformando em obrigação e finalmente virou um incômodo. Escrever não pode ser um incômodo!

Então é tempo de parar. Interromper a rotina, quebrar a eternidade da ação. Parei. Quando escrever sobre o tema da quinzena voltar a ser um prazer, será o tempo de retornar. Tudo tem o seu tempo próprio!