Imprevistos sempre acontecem... Ás vezes planejamos fazer isto ou aquilo e de repente, na última hora tudo dá errado... Ficamos nervosos, contrariados, desorientados, mas sempre têm uma luz no final do túnel e tudo se resolve... Fazer o quê? Ou se aceita a fatalidade com sabedoria ou você entra em depressão, suicida-se ou coisa que o valha...

Na minha vida, muitas vezes fui obrigada a enfrentar situações ora tristes, ora bizarras por causa deste visitante incômodo chama do imprevisto... O que vou lhes contar hoje é a história de um menino guloso que me fêz muita raiva, mas ao mesmo tempo provocou em mim e em outras pessoas sonoras gargalhadas. Estamos em outubro de 1988, precisamente no dia 17, dia do aniversário do meu marido. Convidei alguns amigos para jantar... Queria fazer um bolo bem gostoso para comemorar o evento e lá fui eu, vascular nos meus guardados alguma receita de familia para incrementar o jantar...

Achei uma receita fácil de fazer: o tal e manjado Bolo Areia que todo mundo conhece. Separei os ingredientes e mãos à massa. Peguei a batedeira de bolo e num instante, o bolo estava pronto para ir ao forno. Obedeci a todo ritual de preparação do bolo, seguindo passo a passo a receita. O meu filho número três, o Andrezinho acompanhava tudo com água na boca (adora bolos), enquanto o pequerrucho, Fernandinho, com apenas 03 meses e 17 dias estava no colo da babá, que também estava na cozinha...

Coloquei o bolo no forno e enquanto o bolo assava, fui tomar outras providências para a festa. Nesse ínterim, o bolo assou... Estava perfeito, muito bonito mesmo. A meninada da casa que somava três glutões e um bebê, estava louca de vontade de comer o bolo, mas eu expliquei que comeriamos o bolo à noite, depois que cantássemos parabéns para o papai. Deixei o bolo esfriar, desenformei-o colocando-o num tabuleiro revestido de papel aluminio. Em seguida fui preparar o recheio e a cobertura do bolo.

Andrezinho, com os olhos arregalados de vontade de experimentar o bolo acompanhava tudo com a máxima atenção. Milagre! O lindo bolo ficou pronto... Depois de decorado ficou mesmo mais lindo e apetitoso... Decididamente eu era um sucesso culinário...

Olhei para o relógio. Já eram dezesseis horas. Tinha hora marcada no Salão de beleza. Chamei a empregada dizendo-lhe:

_Dê banho nos meninos e fique de olho no bolo.

Tudo arrumado... Estava tranquila e fui embelezar-me... Quando voltei, encontrei Rosimar com uma cara de que alguma coisa havia acontecido. Fui à cozinha e céus!!! O meu bolo, o meu lindo bolo parcialmente destruido...

_Quem fêz issssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssto?

_Calma Dona Luiza!Quando cheguei na cozinha já era tarde demais.

O Dedé já estava em cima da mesa comendo o bolo. Ainda não entendi como ele tão pequeno foi capaz de tal proeza. Eu já tinha dado banho nele e estava trocando o Fernando... Quando me dei pelo André, ele já tinha feito a festa... Olhei para o moleque furiosa dizendo

_Dois anos e oito meses de palmadas proporcionais é o que deveria ganhar... Ele ria, todo lambuzado de glacê, com aquele narizinho arrebitado... Quase tive um ataque de raiva... E agora o que fazer?

Comecei a rir,,, Ria como louca... Estava rindo de nervosismo com aquele imprevisto, aquela chatice... E agora? O que fazer? Os meninos riam, a empregada ria, todo mundo ria.... Meu filho mais velho Frederio deu-me uma idéia:

_Mãe, parta o bolo e faça uma montagem com ele. Depois a senhora cobre de novo, Tudo bem! Criança às vezes diz coisas acertadas. Mãos a obra! Até que ficou legal a arrumação que fiz

Coloquei o bolo de novo em cima da mesa. A campainha tocou... Fui atender. Era o rapaz da Mercearia. Pedi que ele colocasse as compras em cima da mesa, mas me esqueci do bolo. O rapaz sem dar pela coisa, bateu a cesta de compras no bolo e o pobre desintegrou-se todo.

Alessandro, chama minha atenção...

_Mãe, o moço acaba de provocar um terremoto no seu bolo. Ele está todo esbagaçado!

E foi assim, com esse nome que batizei o bolo, quando minha amiga fêz a seguinte observação:

_O bolo está delicioso. Foi você quem fêz? Têm a receita?

Respondi em meio a gargalhadas e olhares mequetrefes:

_Bolo Terremoto! Mas para fazê-lo , você precisa de um menino guloso, um entregador de Mercearia desastrado e uma babá desatenta.

Parece que entenderam porque o bolo estava com aquela cara de acidentado.