UMA NOITE ESPECIAL
Adriana Vieira Bastos
 
 

Com um sorriso nos lábios, passou na floricultura que a irmã disse ser a melhor e comprou uma flor exótica, indicada para ocasiões especiais.

Sabia que aquela não seria apenas uma noite especial, mas uma noite que teria tudo para mudar a sua vida.

Entrou no restaurante e caminhou em direção à mesa que havia reservado. Chamou o maitre e perguntou-lhe se estava tudo perfeito como combinado anteriormente.

Pediu um vinho para refrear a ansiedade pela espera daquela que havia descoberto ser a mulher de sua vida. E enquanto aguardava, lembrava-se da batalha que teve que enfrentar para conquistá-la. Nunca entendeu o seu jeito arredio de ser, mas tamanho era o seu amor, que com este jeito arredio aprendera a conviver.

Brincando com o anel dentro da caixinha, sorria ao perceber-se preparado para uma nova etapa de vida. Até que enfim alguém o havia tocado a ponto de não querer somente prevalecer. Surpreendia-se com o prazer de compartilhar. Sentia-se em nuvens de algodão...

Absorto em suas lembranças, levou um susto ao ser despertado pelo relógio avisando que algo não caminhava bem. Surpreso com o "andar a galope" do ponteiro, ficou apreensivo com o que pudesse estar acontecendo a ela, sempre tão pontual aos seus compromissos.

Aflito, pegou o celular e ligou para saber se estava tudo bem. A espera parecia dolorosa, mas dor maior sentiu ao ouvi-la, do outro lado da linha, com a voz estranha, embargada, procurando palavras para justificar o injustificável:

- Desculpe-me. Estava aqui tentando encontrar um meio de não te magoar. Não tenha raiva de mim. Foi lindo o que vivemos... Mas ele voltou... E, como se não precisasse dizer mais nada, ela simplesmente desligou...

Lívido, olhou para a aliança a sua frente, pensou que fosse desfalecer ao sentir-se caindo no meio de uma montanha russa repleta de emoções. O maitre, percebendo a sua comoção, aproximou-se discretamente e lhe perguntou se estava bem. Foi o minuto que precisou para voltar ao chão. Olhou para ele e, indiferente à surpresa gerada por sua atitude, deu ao rapaz o anel que, em poucos minutos, transformara-se no símbolo de sua decepção.

Tomou o resto do vinho, quase num só gole, pagou a conta, respirou fundo, levantou-se e saiu de mãos dadas com o vazio.

Era noite de lua cheia...