DANÇA AO VENTO
Maria Cláudia Mesquita
 
 

A onda passava distante da beira. Eu tomava conta. Conquistava seu balanço na vontade de voar. Queria lamber, comer daquela mistura, céu, mar e cobrir todo o corpo. Não fui direto ao fim. Fiquei ali, olhos fechados e pude ver a brincadeira, a infância. Tudo tão simples e comum que eu não conseguia explicar os seus desejos. Percebi a graça daquela força, sua natureza e o tanto que acelerava. A pele aceitava aquela dança, suspiros leves e uma boca cheia de um gosto de presente. Meu presente, hortelã. Fui ao fundo do mar e nem lembrei se sabia ou não nadar. Corri todos os meus desejos, fui inconsequente. O mar armou a mais bela e perfeita onda. Eu ajudava a respingar. Encontro de luta e beleza. Re-volta do amor e da alegria de voar sem precisar de asas.