A
solidão é menina ainda, mas esburaca a estrada esfria a noite
e embaralha os dias Faz da vontade um sono profundo. A solidão já
é moça feita Tece as manhãs num tear imenso Faz do
sorriso um longo gemido. A solidão é mulher bem velha Embaralha
o tempo num baralho antigo Faz teus pés cansados e da brisa mansa um
vendaval no rio. Mas se olhares lá fora o dia Verás a criança
a cantar ciranda. Se deres à moça um pacote de fita e à
mulher bem velha um abraço amigo Verás que os dias são
canções ao vento Que a noite é morna, que amanhece e que
o sol já brilha. Faz da solidão uma janela aberta, cheia de vasos
de margaridas. Limpa a varanda, afasta as cadeiras Tira pra dançar
a menina , a moça e a mulher bem velha. |