SANGUE, SUOR E LÁGRIMAS
Valéria Vanda de Xavier Nunes
 
 

Parece até título de algum filme ou de algum romance onde impera o drama. E se o espírito não me engana, acho que existe mesmo ou um filme ou um livro com esse título, mas isto não vem ao caso neste momento. O sangue suor e lágrimas de que falo agora são os ingredientes que impulsionam e levam sempre pra frente a maioria de nossos atletas que participarão dos próximos "Jogos Olímpicos de Beijing 2008". Quem lê jornal frequentemente e assiste regularmente ao Esporte Espetacular ou ao Globo Esporte, pode perceber nas entrevistas dadas pelos atletas que esta é uma realidade triste em suas caminhadas rumo ao JOB. Só a custa de muita persistência, com muita tenacidade, muita força de vontade, muito sangue, suor e lágrimas é que a maioria consegue vencer todos os obstáculos, atingir seus limites e chegar ao seu objetivo maior que é a conquista das preciosas medalhas.

Para a maioria deles, estas medalhas significam não apenas um prêmio pelos seus esforços sobre-humanos. Significam sim: a "liberdade", a "salvação", significa comida na mesa, remédio para uma mãe doente, uma casa decente para morar.

É comovente ouvir as entrevistas dadas por estes atletas, pois percebemos a imensa vontade de vencer, de fazer o melhor, de mostrar para o mundo que também são gente e que merecem ter o que outros jovens mais afortunados têm e não sabem dar o devido valor, e é graças ao esporte que eles conseguirão alcançar seus objetivos, por isso se agarram a ele com unhas e dentes na busca de um futuro melhor.

Nestas entrevistas fica clara também, a situação muitas vezes até de penúria em que vivem esses jovens. Muitos vêm de famílias numerosas que passam por necessidades inimagináveis, levando uma vida dura por falta de oportunidades de emprego e mesmo de educação. E aí surge a alternativa do esporte. Graças a Deus. É aí que vemos o poder que o esporte tem sobre a juventude. Ninguém pode dizer que estes jovens que praticam esporte saiam pelas ruas destruindo praças, roubando carros, batendo em mulheres indefesas, fumando maconha e outras coisas piores, pois graças ao esporte estes jovens aprendem o que seja disciplina, aprendem o valor da solidariedade, aprendem o que vem a ser a boa competitividade, a valorizar a amizade; aprendem a respeitar-se um ao outro e a conviver com as diferenças. Graças ao esporte estes jovens marginalizados pela sociedade aprendem a vencer os seus limites, mesmo que para isso cheguem até a mais completa exaustão física.

É preciso que nós brasileiros adotemos estes atletas nestes jogos e torçamos por cada um deles, uma vez que são verdadeiros heróis, "pobres" heróis, que para fugir do desemprego e mesmo da fome, lutam tão incansavelmente por suas "medalhas"; muitos deles, carentes até, do apoio financeiro, do patrocínio necessário das empresas privadas e por que não dizer dos poderes públicos que tanto poderiam fazer por eles e muitas vezes não o faz.

Torçamos então, para que o sangue, suor e lágrimas dos nossos atletas se transformem em medalhas de ouro, bronze e prata em seus peitos altivos.