CARÊNCIAS
Djanira Luz
 
 

Precisa-se de colo, carinho, quem sabe um ninho.
Precisa-se de paciência que suporte as ausências.
Precisa-se de consolo, de um abraço e uma fatia de bolo.
Precisa-se de um anel, de um afago, um beijo doce de mel.
Precisa-se de enredo para revelar meus segredos.
Precisa-se de fé, acreditar no que se quer.
Precisa-se de amor, união, família... por favor!
Precisa-se de esperança, no olhar da criança.
Precisa-se de moral para cuidar do capital.
Precisa-se de amizade para sentir saudade.
Precisa-se de confiança, para formar aliança.
Precisa-se do escritor, para existir o leitor...

O mundo está carente de atenção, afeto, moral, justiça, segurança. Mas parece que ninguém dá importância. O mundo está com pressa de chegar. Com medo de perder tempo. Vai atropelando sentimentos, engolindo a imoralidade, digerindo a violência, tolerando a barbaridade. Com tantas carências, o homem perde decência e a coerência. Há de chegar o dia em que todo o mundo tenha a necessidade de reconstruir, de parar, voltar atrás. De lembrarmos que somos seres humanos, racionais. Precisa-se crer que, sem fé em Deus, somos passíveis a ter atitudes mais cruéis possíveis e por não se ter moral, achamos que toda a violência, falta de ética e decadência, é normal. O mundo não deve jamais habituar-se a transgressão humana, mas sim, resgatar valores esquecidos, adormecidos no quadro colorido de nossas recordações.