No
acostamento Lá estava ela Um olhar que congela O sorriso de soslaio
que espreita Um coração não ocupado Desta vida tão
estreita E
o caminhoneiro Num abraço caloroso Recebe a alma perdida Que
ali, por coitada Acaba encontrando guarida E
seguem rumo a vida Compram casa, fazem filhos Seguem a vida felizes Tudinho
andando nos trilhos Mas,
um dia, chega a outra Moça arretada e moderna Desfila por toda a
cidade, de saia curta Mostrando as pernas Ele,
jovem na malícia Não percebe a safadeza Se encanta com a beleza E
bota tudo a perder O
batom como carimbo O perfume vagabundo Chega em casa de mansinho E não
percebe o outro mundo Ela
desgostosa da vida Sente o cheiro e o batom vê Nada fala, fecha os
olhos Trava a língua e liga a TV E
assim a vida segue Com carimbos de batom Uns vermelhos, alaranjados Uns
clarinhos outros arrojados E
ela vendo TV E
um dia ela se cansa Das novelas e deste mundo Dá um tiro no marido Que
fica morimbundo Um
olhar que se congela O sorriso de soslaio que espreita Um coração
maltratado Desta vida tão estreita A
quadra quatro Numa rasa cova Ele é enterrado Numa viagem sem volta |