LEMBRANÇAS E COMPARAÇÕES
Andrea J. Santos
 
 

As relíquias do meu coração trazem à minha memória minuciosas lembranças que jamais se desfizeram do meu tempo de criança. Relatos que me formaram adulta, que construíram o meu perfil emocional e concretizou a realidade do que sou.

A minha fase de sonhos na adolescência desabrochou, os pequenos versos no cadernos dançavam, as pequenas figuras perduravam em meus livros de contos de fadas, facetes de adolescente, mistérios que a imaginação se apega e a crendice alimenta. Embora ilusionismo infantil, sonhei com um príncipe azul, criei uma família perfeita e filhos adoráveis que ninguém no mundo já viu.

Sonhos, quem nunca teve sonhos pra sonhar?! Eles que nos dá asas de anjos, que nos faz viver a leveza das borboletas, que nos leva a um mundo repletos de magnitude e enigmas. Meus sonhos, sonhos de criança, esperança que o tempo constrói com cera e papel, e mesmo depois de grandes, imaginamos que tudo um dia irá se realizar e acabamos vendo que a vida não teria sentido se não soubéssemos sonhar.

Pincéis lançados sobre a mesa, cores que nos faz lembrar cada momento encantado, cada desenho moldado nas tábuas na memória, nas paredes do quarto que jamais deixou de prevalecer nos escritos da alma. Vidas passadas, vidas vividas e construídas em focos, fragmentadas em cada personalidade, ela que nos torna pessoas de verdade, criativas, bondosas, amáveis e outras realidades.

Belas fantasias vislumbram o tempo pela janela, sorrir para as flores, que ilumina a infância e dar-lhe o toque especial da existência, de um fase duradoura, permanente. Silenciosa quando não mais vivemos a criança que sempre existirá dentro da gente, onde os sonhos dourados dão vazão aos sonhos de consumo e pensamos estar realizados, mas nunca saciados.

Fase a ser preservada onde o amor é a base de todos os fundamentos da vida, a visão dos sonhos, o equilíbrio da existência, onde tudo se forma e se firmar.

As relíquias do meu coração me trazem você, me fazem lembra os sonhos que tive, que não foram lançados pelo vento para um lugar de esquecimento, nem tão pouco afogados na angustia da frustração, do desapontamento. O que buscamos nos recantos da mente são os mesmos fragmentos que constituíram o nosso pequeno mundo de criança, a necessidade de amar e sermos amados, a sensibilidade em sentir-se adorado, alguém precioso, importante e necessário na vida dos que nos cercam, sentimentos que jamais se curvará para dá vazão a outros, nem se cobrirá na insatisfação. A precisão da atenção amiga, familiar, compacta na simplicidade da união, do laço amoroso, da falta que nos prende quando a distância afaga.

A realização da satisfação em uma simples boneca de pano, um carinho de latinha puxado a barbante, tudo aquilo de valor tão insignificante aparentemente, mas de um valor imensurável para a gente, que não tem os sonhos de consumo como um alvo, mas ter no prazer da vida cada momento. Quando crianças os momentos encantados eram formados por nós mesmos, hoje esperamos que os bens de consumo concretizem os nossos momentos.

Sonhos, quem nunca teve sonhos para sonhar?! Flutuar nas águas do mar, conhecer o verdadeiro sentido da existência que por certo não foi uma coincidência, mas o amor de Deus por cada um de nós, obras das suas mãos.