Afinal,
quem era você? Do azul de seus olhos frios muito ouvi falar, Histórias
e mais histórias de família. Alto e esbelto, sempre de mau humor. Senhor
de alguns milhares de pés de café... Desterrado
da distante Alemanha, fugitivo. Fundo do poço onde se escondeu com a
mulher. Afinal, o que vias de lá? Enquanto as apressadas e sedentas
tropas do Reich Pisoteavam a terra de uma apavorada Polônia. Seriam
todas as histórias verdadeiras? Afinal, quem era você? Pulso
firme na lavoura, fazendeiro rico Homem de posses e influência vasta
que Passava fora das porteiras que demarcavam suas terras. E,
de onde apareceu esse dinheiro? Estariam todos procurando tesouros e mais tesouros Nas
fronteiras antigas totalmente enganados? Pela
expressão amarga no rosto da mulher sentada A teu lado neste retrato
velho, amarelado, tirado no Pós-guerra já em terras de caboclos,
mulatos e a revelia Da sorte parece-me que a vida, de fato, não foi
fácil... Traições,
afastaram você de sua primogênita. Traições, como
as que dizem que cometeste até muito Pior as sombras dos carvalhos imensos
da Floresta Negra. Agora
que ela, também, se foi quem me contará as histórias Do
temperamental Valentin, meu bisavô, que vejo com o cinto Torto no velho
retrato guardado numa caixa de sapatos velha. |