CENA
URBANA | ||
William
H. Stutz | ||
Afundado em lúgubres pensamentos, encostado em poste de ponto de ônibus acompanhava por ali estar, sem a menor paciência, conversa daquelas senhoras. Esconjuravam mundos e fundos. Além do mau humor da conversa sem beira nem eira, exalavam horrível cheiro de naftalina. Sentiu náuseas. Sua mão no bolso apalpava a faca. Zagaia urbana, instrumento de trabalho em urbe sem alma que o alijava, sempre. Sorriu amargo e de ombros olhou as senhoras daquela prosa mole. Olhar de bicho. Como predador que avalia sua presa, sabia que ali estava a féria do dia. Relaxou em estranho prazer. | ||